Integrantes da cúpula que trata da campanha eleitoral do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), que neste ano tenta se reeleger ao cargo, temem um desgaste eleitoral por conta da operação da Polícia Federal (PF) que resultou na prisão de Milton Ribeiro, ex-ministro da Educação.
O ex-chefe da pasta é investigado por um esquema que ficou conhecido como “gabinete paralelo” e tinha como intuito, segundo as apurações da Polícia Federal, a liberação de verbas do Ministério da Educação (MEC) em troca de propina.
De acordo com o jornalista Gerson Camaroti, da “TV Globo”, aliados temem que os mandados de prisão de Milton Ribeiro e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura coloquem Bolsonaro, que vinha tentando emplacar um discurso de que não havia corrupção no seu governo, na defensiva.
Ainda conforme o jornalista, um fato que causou estranhamento na prisão desta quarta é que as ordens foram para a modalidade preventiva, e não temporária. Na primeira, não existe um tempo máximo para que os presos fiquem detidos.
Na visão da cúpula do governo, isso é preocupante, pois existe a possibilidade de que o ex-ministro e os pastores possam falar ao longo das investigações e isso desgaste ainda mais o governo por conta de uma crise que começou após um áudio divulgado pelo jornal “Folha de S.Paulo” revelar Milton Ribeiro falando que havia recebido um pedido de Bolsonaro.
Esse pedido seria no sentido de que a liberação de verbas da pasta deveria ser direcionada para prefeituras específicas a partir da negociação feita pelos dois pastores evangélicos que foram presos nesta quarta. – nenhum dos dois possuí cargos no governo federal.
Em um primeiro momento, o ex-ministro foi defendido por Bolsonaro, que disse que colocaria “sua cara no fogo” por Milton Ribeiro. No entanto, depois de pressões de seus aliados, ele acabou demitindo o ex-chefe da pasta, mesmo achando que todo o fato era uma grande “covardia” contra o ex-ministro.
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