O modo com que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se portou em seu discurso no último sábado (07), no lançamento oficial da chapa com Geraldo Alckmin (PSB), preocupa integrantes da cúpula que comanda o projeto de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), que estavam gostando das últimas declarações improvisadas e polêmicas do petista.
De acordo com a jornalista da “Globo News” Andreia Sadi, integrantes do grupo que comanda o projeto de reeleição do presidente não gostaram do tom de Lula, que, ao invés de discursar de improviso, como costuma fazer, optou por seguir o conselho de assessores e leu o discurso com os principais tópicos do que pretende apresentar como proposta de governo.
Segundo a jornalista, a leitura foi uma estratégia para que Lula não fizesse nenhuma afirmação que servisse para dar munição ao adversário, como falas se referindo ao aborto ou aos policiais. Isso porque, recentemente, Lula disse que é a favor de discussões sobre o aborto. Em outro momento, ele afirmou que “Bolsonaro não gosta de gente, mas sim de policial”.
Conforme Andreia Sadi, o PT, no entanto, nega que o ex-presidente tenha lido para evitar temas embaraçosos. Em entrevista à comunicadora, inclusive, a deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente do PT, disse que a medida foi tomada apenas para que o ex-chefe do Executivo pudesse abordar todos os temas que precisa falar e passar ainda seus recados aos eleitores.
Mesmo com a afirmação, a visão de aliados de Bolsonaro é que o petista seguiu o conselho e está tentando adotar um tom moderado. Para o comitê de campanha de Bolsonaro, informou Andreia Sadi, o tempo que vai durar o efeito mais “moderado” de Lula vai depender de quanto tempo o ex-presidente consegue “aguentar ler sem sair do script”.
Se isso durar muito, pode atrapalhar os planos bolsonaristas. Isso porque o grupo do presidente espera novos improvisos do PT para que isso forneça munição para a exploração de temas que agradam bolsonaristas- como a pauta de costumes, por exemplo.
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