As fronteiras de Portugal para voos de turismo partindo do Brasil foram reabertas há algumas semanas, Desde então, uma nova onda de imigração tem acontecido em solo português após milhares de brasileiros insatisfeitos com o Brasil tentarem recomeçar a vida do outro lado do oceano.
Enquanto alguns se prendem à esperança de chegar e ficar, outros compram a passagem apenas de entrada no país como turistas, enquanto há aqueles que já iniciam a busca por trabalho antes mesmo de embarcar com o objetivo de viajar de maneira regular. Os motivos para a insatisfação no Brasil são vários e vão desde questões políticas, à perda do poder de compra, falta de oportunidades no mercado de trabalho e muito mais.
No entanto, essa onda de imigração de brasileiros em Portugal não é novidade, é algo que acontece de tempos em tempos. A última vez em que uma situação em proporções similares foi identificada foi no ano de 2017. Segundo empresas de consultoria em imigração, há uma vasta variedade entre os perfis de imigrantes brasileiros.
Ainda assim foi possível identificar uma característica em comum, o acúmulo de dinheiro e planejamento da mudança com o objetivo de amenizar ao máximo possíveis imprevistos. Pode-se dizer que todo o empenho nesse preparo é um reflexo dos efeitos da pandemia da Covid-19 que pegou todo o mundo de surpresa há mais de um ano e meio.
Embora a busca seja por melhores condições de vida que no Brasil, os turistas brasileiros não têm problemas em reconhecer que é preciso tempo para conseguir um emprego e não se importam em atuar em áreas diversas. É o caso da biomédica paraense, Poliane Pereira, que viaja ainda esta semana e está com a passagem comprada desde o mês de abril deste ano.
Este é o momento de se arriscar para quem tem pressa de viajar, pois a entrada de turistas brasileiros em Portugal está liberada até o final do mês de outubro até segunda ordem. “Esta abertura foi uma luz no fim do túnel. Impulsionou muito a ir em busca dos meus sonhos”, disse a jovem.
Ela disse que o mercado de trabalho está cada vez mais difícil. Nem mesmo a influência do pai que é médico e poderia indicá-la para algum trabalho teve alguma vantagem. Mesmo após de formada ela trabalhou em uma loja de um shopping na cidade de Belém.
Ela reclama da situação difícil no Brasil com o aumento abusivo nos mais variados preços junto à falta de reconhecimento da profissionalização. E tudo isso com um salário mínimo que faz jus ao nome, impossibilitando a manutenção de uma subsistência adequada.
A jovem biomédica observa que o número de pessoas graduadas no Brasil tem crescido a cada dia, mas a formação em ensino superior não garante uma vaga na área desejada. Foi logo que tomou consciência disso que a jovem passou a cogitar a mudança de país.
A mulher contou que já possui um planejamento para se manter em Portugal por um certo tempo, mas que já tem buscado oportunidades de emprego. Para ela é extremamente importante levar uma boa quantia de dinheiro junto à disposição para procurar emprego nas mais variadas áreas.
“Acho que acima de tudo tem que ter coragem pra assumir esse risco. O planejamento faz com que tenhamos uma segurança a mais”, contou.