Desde o início do atual mandato, o presidente da República, Jair Bolsonaro, tem dado o que falar devido aos discursos polêmicos que insiste em fazer. Mesmo diante dos alertas feitos por líderes partidários favoráveis à sua gestão, a insistência de Bolsonaro provou uma crise política difícil de ser revertida no nível em que chegou.
Ameaças feitas aos demais poderes e às eleições se tornaram os pilares da crise política causada por Bolsonaro. O que o presidente precisa ter em mente é que, as atitudes tomadas por ele, influenciam diretamente na retomada econômica do país, que já enfrenta dificuldades devido a pandemia da Covid-19.
O efeito dominó está vinculado a uma série de outras crises, como a sanitária, fiscal, energética e abastecimento. Esta última se relaciona à greve dos caminhoneiros que provocou a falta de alguns insumos, sobretudo, combustível. A dúvida perante a apreciação de importantes projetos que estão em trâmite no Congresso Nacional também têm influência direta, é o caso das reformas econômicas.
A retomada do cenário econômico também enfrenta dificuldades após especialistas travarem as projeções otimistas quanto ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2021, e minimizar as previsões para 2022. De acordo com o boletim Focus elaborado pelo Banco Central, a estimativa de PIB para 2021 gira em torno de 5,28% e para 2022, 2,04%.
O economista, José Roberto Mendonça de Barros, se mantém otimista quanto a uma recuperação positiva neste ano. “Entretanto, todos os analistas concordam que o crescimento do ano que vem vai voltar para a mediocridade”, ponderou. Para o ex-presidente do Banco Central, Affonso Celso Pastore, está nítido que 2022 será um ano de dificuldades para o cenário econômico do país.
Ele explica dizendo que o crescimento será lento, somado a taxas de juros extremamente elevadas com base na inflação acima da média. Ele conclui dizendo que o “governo conseguiu gerar um grande grau de desorganização na economia”. Isso quer dizer que o potencial de crescimento ficará abaixo de 2%.
É importante se lembrar de que os reajustes no valor do dólar também influenciam no progresso econômico do Brasil. Contudo, a moeda teve uma queda para menos de R$ 5,20 após as manifestações convocadas por Bolsonaro no dia 7 de setembro.
O economista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), André Braz, diz que o ideal seria que o dólar ficasse abaixo de R$ 5, embora esta projeção seja praticamente impossível de se concretizar neste momento de crise política.
O impacto direto do valor do dólar na população brasileira é bem rápido, tendo em vista o consumo doméstico de alimentos amplamente exportados. Por outro lado, o Brasil é um dos principais produtores de soja e carne de todo o mundo, motivo pelo o qual os respectivos preços levam os agricultores e pecuaristas a vender para quem paga mais e, por consequência, também elevar os preços para os consumidores brasileiros.
O grande ‘porém’ da economia brasileira hoje, é a dependência da inflação para que possa haver a correção de uma série de preços. É o caso de alugueis, salários, mensalidades escolares, planos de saúde, alimentos, combustível, e muito mais.