A polícia no norte da Índia prendeu um homem que decapitou a própria filha e carregou a cabeça decepada até a delegacia para se entregar. O caso reacendeu os apelos por uma nova lei contra os chamados “crimes de honra”.
Conforme a polícia, o homem atacou a filha de 17 anos com um machado na última quarta-feira (3) por raiva do relacionamento que ela mantinha com um rapaz. “O pai disse que viu a filha em uma posição comprometedora com um homem e a decapitou em um acesso de raiva”, informou Anurag Vats, porta-voz da polícia do distrito de Hardoi, no norte do estado de Uttar Pradesh. “O homem confessou o crime”, acrescentou.
Imagens do homem carregando a cabeça da menina repercutiram nas redes sociais. Como resultado, o caso levou ativistas feministas a pedir por uma lei específica contra os crimes de honra. O objetivo é ajudar a proteger as vítimas em potencial e melhorar as investigações policiais.
Crimes de honra na Índia
Grupos de direitos humanos dizem que milhares de mulheres e meninas são mortas em todo o sul da Ásia e no Oriente Médio todos os anos por “familiares irritados com a percepção de danos à honra”. As ofensas são fugir, encontrar-se com homens ou qualquer transgressão dos valores conservadores em relação às mulheres.
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No mês passado, uma mulher foi queimada viva por parentes por causa de um relacionamento com um rapaz de outra religião, em Uttar Pradesh, conforme a mídia local. “As filhas na Índia são vistas como um sinal de honra familiar, o que resulta em tais crimes”, disse Madhu Garg, representante da Associação das Mulheres Democráticas da Índia.
A Índia registrou 24 mortes por honra em 2019. Dois anos antes, Uttar Pradesh registrou 14 das 92 mortes desse tipo no país, conforme dados do governo. No entanto, as ativistas dizem que as estatísticas do governo sobre crimes de honra mascaram a escala do crime. Isso porque as mulheres estão sob maior risco do que homens. Quase 70% das vítimas de crimes de honra são mulheres.