Criador da CPI da Covid-19, o senador Randolfe Rodrigues (Rede), que desempenhou a função de vice-presidente da comissão, afirmou que vai recorrer da decisão tomada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que enviou um documento ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo o arquivamento das apurações contra o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), abertas após a entrega do relatório final do colegiado.
Assim como publicou o Brasil123, o pedido de arquivamento foi assinado por Lindôra Araújo, vice-procuradora-geral. De acordo com Randolfe Rodrigues, ele pedirá a intimação pessoal do procurador-geral da República, Augusto Aras, para explicar a decisão. Segundo o senador, caso ele confirme o arquivamento, o próximo passo será pedir a abertura de um inquérito por prevaricação de Augusto Aras e Lindôra Araújo.
Na noite desta segunda-feira (25), em uma publicação no Twitter, o senador afirmou que a decisão da PGR é “um insulto às quase 700 mil vítimas da Covid-19 no país”. “Augusto Aras, com este ato, se torna cúmplice dos crimes cometidos e rebaixa a PGR à condição de cabo eleitoral de Bolsonaro”, disse o senador.
“Pergunto ao Sr. Augusto Aras: como se arquiva a dor de um filho que perdeu um pai porque Bolsonaro mandou usar cloroquina? Como se arquiva a dor de uma mãe que perdeu um filho porque o governo não comprou vacina? Pergunto ainda: onde o Sr arquivou a sua consciência?”, questionou em outra publicação o senador.
Em outro post, Randolfe Rodrigues relembrou que os procedimentos a serem arquivados no STF apuravam supostos crimes de epidemia, prevaricação, infração de medida sanitária, charlatanismo e emprego irregular de verba pública durante a pandemia da Covid-19 – no relatório final, além do chefe do Executivo, a CPI da Covid-19 pediu o indiciamento de outros 67 nomes, entre empresas e pessoas.
Além de Randolfe Rodrigues, quem também criticou a decisão da PGR foram os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Omar Aziz (PSD-AM), que desempenharam a função de relator e presidente na CPI da Covid-19, respectivamente.
Para Renan Calheiros, a PGR “blinda” Bolsonaro às vésperas das eleições e “não surpreende ninguém”. Já Omar Aziz disse que a decisão do órgão é um “desrespeito à memória e às famílias” das vítimas da Covid-19 no Brasil. “O pedido de arquivamento das investigações abertas a partir do que levantamos na CPI da Covid-19 é um desrespeito à memória e às famílias das mais de 670 mil vítimas da pandemia. Sempre disse que a CPI não buscava vingança”, o senador.
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