Dados divulgados pelo Banco Central na última terça-feira (30 de maio) apontaram que a taxa média cobrada pelos bancos na operação com cartão de crédito rotativo subiu de 433,3% ao ano, em março, para 447,5% ao no mês de abril. O aumento de março para abril no juro do crédito rotativo foi de 14,4%. Já nos últimos 12 meses, a alta é de 83,7%. De acordo com o Bacen, é o maior patamar que o crédito rotativo atingiu em 6 anos. Na época, março de 2017, o crédito rotativo havia atingido o patamar de 490% ao ano, ou seja, ainda acima do valor atual.
Para efeito de comparação, um consumidor que cair no rotativo do cartão de crédito com uma dívida de R$1000, ao final de 12 meses, terá que pagar R$4903,30 para quitar o saldo devedor com a instituição financeira. Atualmente, esta é a linha de crédito mais cara do mercado e, de acordo com analistas, deve ser evitada, contudo, dados também apontam que as concessões de empréstimo através do crédito rotativo registraram crescimento em 2022, chegando a bater recorde.
Governo discute com bancos o fim do crédito rotativo
Os altos valores praticados pelo crédito rotativo vem motivando o governo a realizar discussões com o setor financeiro para viabilizar o fim da operação. A proposta vem sendo discutida em um grupo de trabalho formado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o Ministério da Fazenda e o Banco Central. Entre outras ideias, estão incluídas a desestimularão ao parcelamento sem juros, seja por meio de tarifas mais altas aos comerciantes ou preços diferentes no cartão para pagamentos à vista, ou parcelados.
Também chegou a ser discutida a imposição de um teto para o juro no rotativo. Contudo, a ideia foi descartada após o setor mostrar os prejuízos relacionados a cadeia de cartões. De acordo com Rodrigo Mais, presidente da Confederação Nacional de Instituições Financeiras (CNF), ainda não existem definições a respeito do tema. Contudo, um agente do setor afirmou que a proposta de “acabar” com rotativo foi levada ao Ministério da Fazenda e não foi rechaçada.
Caso o crédito rotativo fosse encerrado, a nova operação passaria a funcionar da seguinte forma: caso o cliente não pagar a fatura ou o valor mínimo, o saldo devedor, em vez de entrar no rotativo, poderia ser parcelado em até 12 vezes, com uma taxa menor que a praticada pelo mercado atualmente através do rotativo.
Banco Central apontou que 20% das operações com cartão de crédito estão em atraso
O Banco Central realizou uma pesquisa levando em conta dados até junho de 2022. Até aquele momento, o Bacen apontou que entre 17% e 20% estavam com o uso do rotativo e do rotativo não migrado (valor que permanece no sistema de crédito rotativo mais tempo que o prazo máximo de 30 dias após a fatura não ter sido paga integralmente em seu vencimento). Ou seja, estavam em atraso pagando juros.
Ainda, de acordo com o Banco, o Brasil possui 190,8 milhões de cartões de crédito, o que representava, naquele momento, “quase o dobro da população economicamente ativo no país (107,4 milhões)”. Já o número total de clientes com registro no Sistema de Informações de Créditos (SCR) nas modalidades de cartão, incluindo aqueles com ou sem limite de crédito utilizado é de 93 milhões.