A CPI ouvirá Ricardo Barros (PP-PR), líder governista na Câmara dos Deputados, no dia 20 de julho. Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ex-presidente da comissão, divulgou a informação na terça-feira (06), após sair de uma reunião com outros integrantes da CPI, como Omar Aziz (PSD-AM), e o relator Renan Calheiros (MDB-AL).
A princípio, depoimento de Ricardo Barros estava previsto apenas para a próxima quinta-feira (08). Entretanto, o adiamento foi uma decisão majoritária, para dar tempo de reunir mais elementos para o interrogatório. No entanto, Barros chegou a acionar o Supremo Tribunal Federal a fim de garantir o depoimento no dia 8.
Antes disso, a CPI já havia convocado o deputado, no dia 30 de junho, após a acusação do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF); ele citou Ricardo Barros como responsável pelas pressões para a compra da vacina Covaxin, no Ministério da Saúde. Sendo assim, espera-se que Barros esclareça a denúncia de propina para a compra da vacina Astrazeneca.
O pedido dizia que “depreende-se da atitude do deputado Ricardo Barros a prática de abuso das prerrogativas constitucionalmente asseguradas aos representantes do povo, ao fazer uso abusivo de sua posição de parlamentar líder do Governo para negociar vantagens alheios aos interesses públicos, para si próprio e para a Precisa Medicamentos, empresa intermediária da Covaxin”.
A denúncia de Ricardo Barros
O próprio presidente Jair Bolsonaro havia citado o nome de Barros como o principal organizador do esquema de corrupção.
Em depoimento à CPI, em 25 de junho, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) e o irmão dele, Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, disseram ter informado ao presidente as suspeitas envolvendo as negociações para aquisição da Covaxin, vacina contra a Covid-19 produzida por um laboratório na Índia.
Desenrolar da acusação
Em seu depoimento na quinta-feira (1°), Luiz Dominguetti acusou Luis Miranda (DEM-DF) de tentar negociar aquisição de vacinas contra a Covid diretamente com a empresa Davati Medical Supply; ele informou que teria recebido de pessoas do governo ofertas de “facilidades” para os contratos de vacinas.
“Muita gente me ligava dizendo ‘eu posso isso, eu posso aquilo’, mas eu nunca quis avançar nessa seara porque já tinha tido um processo todo doloroso dentro do ministério [da Saúde]. Nem eu, nem a Davati queria vivenciar isso de novo. Eu tenho informação que o parlamentar tentou negociar a busca da vacina diretamente com a Davati, eu tenho essa informação”, explicou Dominguetti.
Após essa afirmação, o senador Humberto Costa (PT-PE) perguntou ao empresário quem era o parlamentar citado, e o nome de Luis Miranda surgiu novamente na Comissão. Segundo Dominguetti, o deputado teria conversado diretamente com o CEO da Davati no Brasil, Cristiano Alberto Carvalho; este, por sua vez, considerava Miranda “o mais insistente com a compra e o valor de vacinas”.
Em contrapartida, o CEO Cristiano Alberto Carvalho já se manifestou a respeito do depoimento de Dominguetti. Carvalho explicou: “eu recebi de outra pessoa, não diretamente do Luiz, não se refere a vacinas”. Para ele, Dominguetti está apenas “querendo aparecer” na CPI.
Além disso, Luís Miranda afirmou não conhecer Dominguetti, e se defendeu das acusações: “é mentira, lógico que não. Eu nunca falei sobre vacinas. Não sei nem quem é (Dominguetti). Estou começando a achar que esse cara foi enviado por (Jair) Bolsonaro para fazer denúncias mentirosas”.