Em depoimento dado à CPI na última quinta-feira (1°), Luiz Dominguetti acusou Luis Miranda (DEM-DF) de tentar negociar aquisição de vacinas contra a Covid diretamente com a empresa Davati Medical Supply. Dominguetti falou à CPI que o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Rodrigo Dias, pediu propina da empresa Astrazeneca. A negociação, intermediada pela Davati, previa US$ 1 por dose em um contrato de compra de 400 milhões de doses, o que geraria um montante ilícito de R$ 2 bilhões.
Agora, a CPI da Covid quer esclarecer o quanto antes qual foi a motivação do CEO da Davati no Brasil, Christiano Alberto Carvalho, a enviar ao Dominguetti um áudio do deputado Luis Miranda. O vendedor exibiu o áudio durante seu depoimento para provar o suposto envolvimento do deputado na negociação de vacinas contra a Covid, porém, a palavra “vacina” não é dita em nenhum momento e, por conta disso, os senadores passaram a questionar o que motivou a exibição da gravação.
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), garantiu que “Christiano é uma prioridade. Precisa ser ouvido ainda esta semana”, pois a CPI precisa “saber se há outros esquemas envolvendo essa empresa”. Depois de alguma pressão dos parlamentares, Dominguetti disse que Christiano Carvalho pode ter “induzido a erro” ao mandar o áudio. Calheiros acredita que o CEO deu o arquivo esperando sua divulgação na CPI.
Depoimento de Luiz Dominguetti
Segundo diz Dominguetti, o áudio de Luis Miranda seria diretamente para Cristiano Alberto Carvalho, o qual considerava o deputado “o mais insistente com a compra e o valor de vacinas”.
Antes disso, Miranda e Davati já estavam em discussão na Comissão por conta de supostas irregularidades na compra dos imunizantes. A empresa Davati entrou no radar da CPI por conta de outras denúncias feitas por Luiz Dominguetti ao jornal “Folha de S. Paulo” e divulgadas no último dia 29, terça-feira. Após a acusação, Rodrigo Dias foi exonerado.
O empresário também informou que teria recebido de pessoas do governo ofertas de “facilidades” para os contratos de vacinas. “Muita gente me ligava dizendo ‘eu posso isso, eu posso aquilo’, mas eu nunca quis avançar nessa seara porque já tinha tido um processo todo doloroso dentro do ministério [da Saúde]. Nem eu, nem a Davati queria vivenciar isso de novo. Eu tenho informação que o parlamentar tentou negociar a busca da vacina diretamente com a Davati, eu tenho essa informação”, explicou Dominguetti.
Álibi do áudio de Luis Miranda
Em contrapartida, o CEO Cristiano Alberto Carvalho já se manifestou a respeito do depoimento de Dominguetti. Carvalho explicou: “eu recebi de outra pessoa, não diretamente do Luiz, não se refere a vacinas”. Para ele, Dominguetti está apenas “querendo aparecer” na CPI.
Além disso, Luís Miranda afirmou não conhecer Dominguetti, e se defendeu das acusações: “é mentira, lógico que não. Eu nunca falei sobre vacinas. Não sei nem quem é (Dominguetti). Estou começando a achar que esse cara foi enviado por (Jair) Bolsonaro para fazer denúncias mentirosas”.