O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) anunciou hoje a prorrogação da CPI da Covid por mais 90 dias. Foi Randolfe Rodrigues (Rede-AP) quem apresentou o requerimento, no fim de junho. Com isso, as investigações podem seguir pelo menos até o fim de outubro.
“O nosso requerimento pedindo a prorrogação da CPI da Pandemia acaba de ser lido em plenário pelo presidente @rpsenador. Agora, a CPI está prorrogada por mais 90 dias!”, disse Randolfe em sua conta do Twitter.
Embora fosse uma demanda urgente para os senadores, a prorrogação não contava com a mesma vontade política por parte do responsável por pautá-lo em Plenário. Apesar disso, o pedido teve mais de um terço das assinaturas dos senadores, condição para receber uma avaliação.
Por que a prorrogação da CPI?
A CPI está investigando a oferta de 400 milhões de doses da AstraZeneca. A proposta partiu da Davati Medical Supply, embora a empresa não apresente nenhuma comprovação de ser representante da farmacêutica. Agora, o reverendo Amilton Gomes de Paula, apontado como intermediador entre a Davati e o ministério, deverá explicar a acusação de Luiz Dominghetti, representante comercial que relatou pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina.
Além de aprofundar a investigação sobre a compra das vacinas, eles também pretendem avaliar o melhor momento de convocar Ricardo Barros. Ele está sendo cotado para a comissão desde que o deputado Luis Claudio Miranda (DEM-DF) e o irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, apresentaram indícios de fraude na compra da vacina Covaxin.
Barros também está pedindo sua chance de explicar o ocorrido; porém, os senadores pretendem ouvir outras versões da história antes de dar a palavra para o deputado, que deverá depôr no dia 20. Vale observar que a data é estratégica, visto que coincide com o recesso e, portanto, inviabiliza a realização da sessão. “Ele será ouvido no momento oportuno das investigações”, esclareceu Randolfe.
Parte dessa estratégia é para pressionar Bolsonaro a dar algum esclarecimento sobre as denúncias. Se for verdadeiro o áudio que confirmaria a versão de Miranda de que Bolsonaro atribuiu a Barros a articulação do esquema, ficaria provado que Bolsonaro se omitiu ante um esquema criminoso.
Próximos passos
Desde que o Radar trouxe com exclusividade nessa segunda-feira (12) as mensagens do celular do policial militar Luiz Paulo Dominguetti, o Brasil ficou sabendo que as conversas citaram o nome da primeira-dama. Nem mesmo os parlamentares esperavam por essa reviravolta e, por conta disso, muita gente está se perguntando se a CPI convocará Michelle Bolsonaro para depôr.
Até o momento, parece improvável que isso aconteça, especialmente tão cedo. Porém, existe uma boa chance de que a esposa de Bolsonaro entre nos debates da CPI nessa semana, coisa que nunca aconteceu até então. Mesmo com o nome de Michelle tão em pauta, os senadores devem pensar em protelar uma possível convocação; a explicação é que a ala majoritária da CPI por enquanto está evitando chamar a atenção para pessoas importantes, como a primeira-dama ou o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente.