A primeira reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados, que está investigando as ações do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), foi marcada por momentos de tensão e desentendimentos entre os membros do colegiado.
Com isso, o embate entre parlamentares de oposição e governistas resultou em acusações e troca de farpas ao longo das três horas de sessão, chegando até mesmo ao ponto de cortarem os microfones e servirem suco de uva e arroz orgânico entre os colegas.
Logo no início da reunião, o presidente da CPI, o deputado federal tenente-coronel Zucco (Republicanos – RS), interrompeu o microfone da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP). Assim que ela começou a ler uma reportagem que apontava que o deputado estava sendo investigado pela Polícia Federal (PF) por suposto incentivo a atos antidemocráticos no Rio Grande do Sul. Essa determinação de investigação partiu do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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Muito bate boca e ofensas entre deputados na CPI
Diante da situação, o deputado Zucco justificou sua ação afirmando haver aceitado uma questão de ordem apresentada pelo deputado Kim e que não permitiria ataques pessoais em relação à notícia mencionada pela deputada Sâmia, passando a palavra para outro parlamentar.
Além disso, durante a reunião, houve um momento de tensão entre Ricardo Salles e Talíria Petrone. Com isso, a deputada chamou o ministro do Meio Ambiente de “marginal”, o que gerou um intenso debate entre os dois. Além disso, esses episódios demonstraram a polarização e o clima acalorado que permeiam a CPI, refletindo a divisão entre os parlamentares envolvidos.
Em suma, a primeira reunião da CPI que investiga o MST na Câmara dos Deputados foi marcada por momentos de tensão, confrontos verbais e desentendimentos entre os membros do colegiado.
Dessa forma, o corte do microfone da deputada Sâmia Bomfim ao mencionar a investigação contra o deputado Zucco, assim como o embate entre Salles e Petrone, evidenciaram a intensidade das discussões e a polarização política presentes nesse contexto.
Relator Ricardo Salles é ofendido na CPI
Na sessão da CPI, o relator Ricardo Salles foi chamado de “bandido” e “marginal” pela deputada Talíria Petrone, que mencionou as acusações contra ele na Justiça por suspeita de favorecer madeireiros em esquema ilegal.
Além disso, o presidente da CPI cortou o som do microfone da deputada e Salles pediu que suas falas fossem usadas como representação contra ela na Comissão de Ética. Houve também um embate entre as deputadas Carolina De Toni e Camila Jara, com Toni provocando Jara sobre seu discurso em defesa dos movimentos sociais enquanto possuía artigos de luxo.
Jara presenteou Salles com suco de uva orgânico do MST e distribuiu pacotes de arroz aos colegas. A CPI continuará com a votação de requerimentos, incluindo a convocação dos ministros da Agricultura e do Desenvolvimento Social.
O que foi dito pelos governistas?
“O relator da comissão é acusado de fraudar mapas, tem relação com garimpo ilegal. Quando era ministro foi reportado sobre madeira ilegal ele nem ligou, porque não defende o meio ambiente”. Talíria Petrone (PSOL-RJ)
“Essa CPI não tem fato determinado, é arrepio da Constituição, não entendo e não sei por que Arthur Lira [presidente da Câmara] concordou com a abertura da CPI. Ela pretende estabelecer um palanque político para um grupo que perdeu as eleições […] Presidente, o senhor está sendo investigado pela Polícia Federal, não é isso? Só estou perguntando, se sente constrangido, perseguido?”, Valmir Assunção (PT-BA)
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