Desde que o Radar trouxe com exclusividade nessa segunda-feira (12) as mensagens do celular do policial militar Luiz Paulo Dominguetti, o Brasil ficou sabendo que as conversas citaram o nome da primeira-dama. Nem mesmo os parlamentares esperavam por essa reviravolta e, por conta disso, muita gente está se perguntando se Michelle Bolsonaro pode ser convocada para a CPI.
Até o momento, parece improvável que isso aconteça, especialmente tão cedo. Porém, existe uma boa chance de que a esposa de Bolsonaro entre nos debates da CPI nessa semana, coisa que nunca aconteceu até então. Mesmo com o nome de Michelle tão em pauta, os senadores devem pensar em protelar uma possível convocação; a explicação é que a ala majoritária da CPI por enquanto está evitando chamar a atenção para pessoas importantes, como a primeira-dama ou o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente.
As mensagens sobre Michelle Bolsonaro na CPI
A CPI já tinha ciência de que supostos vendedores de vacina estavam se aproximando do gabinete presidencial, contando com a ajuda especial do reverendo Amilton Gomes de Paulo, que é próximo da primeira família.
Até onde se sabe, a primeira-dama apareceu nas conversas pela primeira vez em 3 de março, quando Dominguetti falou com um rapaz identificado como “Rafael Compra Deskartpak” sobre a operação em curso, naqueles dias. Pelo que Dominguetti disse em suas mensagens, tudo estava avançando. Nas palavras dele, “Michele (sic) está no circuito agora. Junto ao reverendo. Misericórdia”. O interlocutor também pareceu surpreso com a notícia, e precisou até conferir se o militar se referia à primeira-dama. É o momento em que Dominguetti diz explícita e claramente que, sim, Michelle Bolsonaro está envolvida de alguma forma no caso.
O interlocutor orienta o policial a ligar para Cristiano Carvalho, CEO da Davati no Brasil, mas não parece muito claro qual era o objetivo desse contato. Além disso, também não dá para ter certeza de qual tipo de participação a primeira-dama pode ter no caso. Por conta disso, os parlamentares querem entender melhor o que aconteceu antes de tomar qualquer decisão ou chamar Michelle Bolsonaro à CPI.
CPI: próximos passos
O calendário da CPI para a 11ª semana de funcionamento já está definido. Esse planejamento tem por objetivo descobrir se as empresas intermediadoras no processo das compras fraudadas são parte de um esquema bilionário de propina.
Confira:
Terça-feira (13/07)
Emanuele Medrades, representante da Precisa Medicamentos, que assina o contrato da Covaxin.
William Santana, consultor da divisão de importação do Ministério da Saúde, disse nessa sexta-feira (09), que Medrades pediu a abertura da licença de importação em 16 de março, em um e-mail apenas com o contrato firmado com a União, sem nenhuma invoice (nota fiscal).
Quarta-feira (14/07)
Amilton Gomes de Paula, reverendo batista que preside a ONG Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários). O reverendo, como intermediário da Davati, teria apresentado Luiz Dominguetti aos representantes do governo federal que trataram da compra de vacinas.
Quinta-feira (15/07)
Marcelo Blanco, tenente-coronel e ex-assessor do Delog (diretor substituto). Ele é citado por Luiz Dominguetti como a pessoa que fez a ponte entre ele e Roberto Ferreira Dias.