A CPI mal retornou e já está causando várias intrigas. Durante a sessão desta quarta-feira (04), o deputado federal Reinhold Stephanes Junior (PSD-PR) invadiu a sessão sem permissão para filmar os parlamentares, o que não teve uma boa recepção pelos membros. Por conta disso, o vice-presidente da Comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), perguntou: “Deputado, algum problema? O senhor gravou um vídeo se referindo à CPI. O senhor praticou um ato que desacata essa comissão. Qual é a autoridade do senhor pra isso? O senhor não pode atuar dessa forma e eu pedirei que os seguranças do Senado tomem às devidas providências. Por gentileza, a Polícia Legislativa deve autuar esse parlamentar”.
O caso não acabou aí e a sessão precisou ser suspensa por alguns minutos para a ordem se restabelecer, e essa foi apenas a segunda vez em que a CPI precisou de uma breve interrupção; a primeira ocasião ocorreu quando os senadores começaram a se exaltar durante uma discussão sobre as mensagens apresentadas pela defesa de Marcelo Blanco, o depoente recebido pela Comissão na sessão de hoje. Para Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, o coronel da reserva teria suprimido partes importantes dos diálogos que manteve com Dominghetti.
Quando a CPI se estabilizou após o deputado invadir a sessão, a Comissão foi retomada e Randolfe ainda explicitou que todos os parlamentares tinham livre acesso à CPI, desde que não causassem nenhum tumulto e ainda disse que “comunicaremos ao Presidente da Câmara o ocorrido dessa manhã. Reitero o livre acesso dos parlamentares, mas não é aceitável a tentativa de tumultuar os trabalhos. Quero acreditar que isso foi um ato isolado”.
Deputado é retirado da CPI após bate-boca com Randolfe Rodrigues
Durante sessão de hoje da #CPIdaCovid,o deputado federal Reinhold Stephanes Jr. bateu boca com o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues, após gravar um vídeo. Ele foi retirado pela segurança pic.twitter.com/o0ZPYzzUdw
— UOL (@UOL) August 4, 2021
Além do deputado invadir a sessão, o que mais aconteceu na CPI?
O tenente-coronel da reserva Marcelo Blanco deu seu depoimento à CPI nesta quarta-feita. A Comissão o convocou antes do recesso, sob justificativa de que Blanco teria participado de um jantar em Brasília, presenciando o pedido de US$ 1 de propina por dose de vacina. Ele, que também é ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, negou as acusações e explicou que “jamais fiz pedido de comissionamento ou qualquer tipo de vantagem. Isso aí é absolutamente desconectado da realidade”. Blanco foi exonerado do Ministério em 19 de janeiro, mas afirmou ao senador Humberto Costa (PT-PE) que não sabe e não se interessou em saber o motivo.
Segundo o tenente-coronel, sua participação no assunto foi apenas uma tentativa de viabilizar uma agenda oficial de Dominghetti, representante da Davati Medical Supply com o Ministério. Os senadores questionaram se seriam seus interesses em facilitar essas tratativas, mas Blanco novamente negou ter esse objetivo em mente; segundo ele, seu interesse era apenas favorecer uma ponte entre as partes.
Blanco também mudou a situação cadastral da empresa dele para se adequar à venda de vacinas e, por esse motivo, o senador ainda disse ter certeza de que “o senhor não informou para o seu advogado que a sua empresa não tinha essa atividade dentro do seu descritivo. Eu tenho certeza. Um bom advogado jamais ia deixar o senhor sentar aí para dizer que a sua empresa tem uma vocação que não consta no seu estatuto. Nunca constou”.