Emanuela Medrades, diretora técnica da Precisa Medicamentos, estava cotada para dar seu depoimento à CPI ontem (13); porém, Medrades alegou cansaço e foi transferida para esta quarta-feira (14), junto com o sócio-administrador da mesma empresa, Francisco Maximiano.
Amilton Gomes de Paula, reverendo batista que preside a ONG Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários), também deveria depor hoje. Entretanto, o Senado Federal confirmou que o reverendo não podia comparecer devido a problemas de saúde. Por esse motivo, o presidente da CPI optou por adiar a sessão.
O requerimento para a convocação dos representantes da Precisa partiu dos senadores Alessandro Vieira (Cidadania – SE) e Randolfe Rodrigues (Rede – AP); o pedido também prevê a quebra de sigilo telefônico, telemático, fiscal e bancário de Maximiano.
A sessão de Emanuela foi adiada pois os senadores entenderam que ela estava abusando de seu direito de permanecer em silêncio, direito concedido por Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal. Sendo assim, a comissão pediu que o habeas corpus de Medrades passasse por uma revisão.
A CPI está tentando descobrir se a Precisa Medicamentos tem algum envolvimento com a fraude da compra de Covaxin. A compra superfaturada de 20 milhões de doses da vacina Covaxin é uma denúncia gravíssima que mobilizou a discussão da Comissão durante toda a semana. O deputado também contou que enviou várias mensagens a assessores do presidente para alertar acerca da situação, mas não teve retorno. Por conta disso, o Ministério Público está averiguando se realmente houve fraude no contrato de compra da Covaxin.
O que Emanuela disse à CPI?
Para Emanuela, o que aconteceu foi um enorme engano. Segundo ela, o ministro Onyx Lorenzoni (Secretaria-Geral), o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco e os depoentes Luis Ricardo Miranda, servidor da pasta, e William Santana se equivocaram ao informar a data de envio pela empresa ao ministério da primeira invoice.
A invoice em questão não tinha uma série de informações necessárias, além de divergências com o contrato, como a previsão de pagamento antecipado pelas doses.
“Então todo mundo está mentindo?”, indagou a senadora Simone Tebet (MDB-MS).
A diretora da Precisa respondeu: “Eles se equivocaram, provavelmente”.
“O secretário se confundiu, o ministro Onyx se confundiu, o William se confundiu, menos a senhora”, ironizou a senadora.
“Se confundiram. A prova técnica mostra que sim”, explicou Medrades, referindo-se a uma perícia contratada pela Precisa.
Não satisfeita, a diretora da Precisa também acusou explicitamente William Santana de mentir à CPI, alegando que ele “veio aqui e mentiu para os senhores. Quem veio aqui e disse que recebeu antes [do dia 22 de março] mentiu”.
Vale ressaltar que em uma audiência no Senado, no dia 23 de março, Emanuela Medrades falou sobre a documentação entregue para análise pelo governo. A data que ela informou nessa ocasião estava de acordo com a declaração feita por Luis Ricardo Miranda e William Santana.