Os trâmites da CPI da Covid-19 estão prestes a chegar ao fim. É o que prevê o relator da comissão, Renan Calheiros, que se mantém otimista quanto à entrega do relatório final no dia 2 de setembro.
A expectativa é para que este relatório da CPI da Covid apresente detalhes sobre como as ações do Governo Federal no decorrer do último ano foram capazes de influenciar na disseminação do novo coronavírus. Temas polêmicos como o atraso e recusa momentânea na compra de vacinas também devem ser abordados.
A CPI da Covid-19 entrega relatórios semanais, desta vez, o foco da investigação será as investidas do Governo Federal com o objetivo de efetuar a compra da vacina indiana, Covaxin. Esta abordagem tem o objetivo de desbravar todas as nuances sobre o tema até que seja concluído. Neste sentido, o advogado Marcos Tolentino deve ser ouvido nesta terça-feira, 14.
É o que disse o presidente da comissão, Omar Aziz, que na oportunidade, explicou que o advogado é acusado por senadores de possuir uma sociedade oculta do FIB Bank. Acredita-se que a entidade seria responsável pela emissão de uma carta de fiança utilizada pela Precisa Medicamentos durante a negociação de compra da Covaxin pelo Ministério da Saúde. Outro fato deve ser considerado, o parentesco entre Marcos Tolentino e o líder do Governo Federal na Câmara Municipal, o deputado Ricardo Barros.
Em um primeiro momento, o depoimento de Tolentino deveria ser dado no dia 1º de setembro, data em que ele apresentou um atestado médico entregue aos senadores alegando que estava internado. A atitude do advogado não foi bem recebida pelos integrantes da CPI da Covid-19, tendo em vista que ele concedeu uma entrevista naquele mesmo instante. Por esta razão, os senadores estabeleceram uma prestação de contas que deveria acontecer de qualquer maneira.
Vale ressaltar que Marcos Tolentino é proprietário de uma rede de televisão e, conforme apurado, a empresa ofereceu uma carta-fiança no valor de R$ 80,7 milhões por meio de um contrato entre a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde para a compra da vacina Covaxin. No entanto, a defesa de Tolentino recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), e a decisão tomada pela ministra Carmém Lúcia autoriza ao advogado a recusa em responder questionamentos que possam incriminá-lo.
Vale ressaltar que na próxima quarta-feira, 15, acontecerá a oitiva junto ao advogado Marconny Faria, acusado de ser o lobista da Precisa Medicamentos. A audiência também tem o objetivo de identificar e compreender qual é o vínculo entre Marconny e Jair Renan Bolsonaro, junto à mãe e ex-mulher do presidente, Ana Cristina Valle.
Posteriormente, no dia 16, próxima quinta-feira, será a vez da advogada Karina Kufa ser ouvida pela cúpula da CPI da Covid. Ela é a defensora da família Bolsonaro e a luz no fim do túnel para explicar a relação de Marconny Faria junto às negociações do Ministério da Saúde.
Vale ressaltar que o magistrado não acatou os pedidos da CPI da Covid-19 quanto a medidas cautelares voltadas à busca e apreensão do passaporte, bem como a proibição de se ausentar da comarca onde reside sem obter a autorização da comissão com antecedência.
Em complemento, o juiz Francisco Codevila determinou que, se Tolentino não comparecer ao depoimento e, nem mesmo, justificar a ausência, ele ficará passível a penalidades como multa e condenação a arcar com as despesas da diligência, devendo também, responder por crime de desobediência.