Embora esteja de fora da maior parte das investigações da CPI, a bancada feminina do Senado mostrou ótimo desempenho na Comissão. Elas são responsáveis por apenas duas dos setes núcleos temáticos em que a investigação se dividiu para auxiliar o trabalho do relator, Renan Calheiros (MDB-AL).
Na ocasião, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comissão explicou: “a primeira das providências: a montagem de núcleos que irão tratar de temas que estão advindo a esta CPI. Um dos casos, por exemplo, é o das intermediárias para aquisição de vacinas. Um outro [núcleo] tratando dos negócios da empresa VTC Log e quais interesses estão envolvidos em torno dessa empresa. Um outro, para enfrentar as fake news e o papel no agravamento da pandemia. Além disso, estabelecemos que, entre os dias 26 e 29 de julho, deveremos ter uma reunião de senadoras e senadores da CPI com juristas, para organizarmos o lastro jurídico-constitucional necessário para o relatório”.
Bancada feminina na CPI
Desde a sua instauração, a CPI é composta apenas por homens, incluindo titulares e suplentes, mas as senadoras conseguiram formalizar um acordo para que algumas representantes fizessem perguntas aos depoentes logo no início das sessões. Sendo assim, o acordo faz com que as senadoras não precisem esperar todos os integrantes usarem seu tempo de direito.
Confira alguns momentos em que a bancada feminina marcou sua presença na CPI:
O nome de Ricardo Barros
Um dos momentos mais importantes para a Comissão foi quando o deputado Luis Miranda finalmente levou o nome de Ricardo Barros (PP-PR) à investigação, abrindo caminho para que a CPI analisasse o escândalo da compra fraudada de Covaxin. O que pouco se fala é que esse momento tão importante foi protagonizado por uma mulher, a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Miranda passou a sessão inteira evitando essa pergunta, alegando não se lembrar a quem Bolsonaro se referia, e foi Tebet que o convenceu a falar a verdade.
Fraude na compra da Covaxin
Também foi Simone Tebet quem esquadrinhou uma nota fiscal apresentada pela empresa Precisa Medicamentos na negociação da Covaxin, apontando uma série de indícios de fraude ou manipulação. A negociação estava cheia de graves inconsistências, inclusive nos pontos mais básicos, tais como o prazo de entrega, o quantitativo de doses e as condições de pagamento.
Mentiras de Ernesto Araújo
Kátia Abreu (PP-TO) não pegou leve com Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores, depois que ele disse à CPI que não criou nenhum atrito com a China. A senadora prontamente o desmentiu, lembrando do embate com o embaixador chinês em Brasília e deu declarações contra o país asiático. Isso se refletiu em atraso no envio para o Brasil de insumos para a fabricação de vacinas.
Mulheres querem estar na CPI
O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) fez uma provação à bancada feminina da CPI, alegando que elas sequer estavam interessadas em participar da Comissão; é claro que Eliziane Gama (Cidadania-MA) desmentiu essa fala.
Fala, Emanuela!
Emanuela Medrades foi uma das últimas convocadas antes do recesso da CPI e, se dependesse dela, Medrades teria usado seu habeas corpus para não responder nenhuma pergunta. Entretanto, Eliziane Gama interferiu mais uma vez e contestou a defesa do STF, obrigando Emanuela a dar as informações que sabia para a Comissão.