Nesta quarta-feira (16), a nova secretária da SCTIE (Secretária de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos) do Ministério da Saúde, Sandra de Castro Barros, afirmou que o debate sobre o uso de cloroquina contra a Covid-19 está “encerrado”. Mesmo sem eficácia comprovada, o medicamento era defendido pelo ex-secretário da SCTIE, Hélio Angotti Neto.
Declaradamente olavista, o médico Hélio Angotti Neto deixou o comando da SCTIE do Ministério da Saúde para ocupar o cargo que antes era da médica Mayra Pinheiro, a “Capitã Cloroquina”. Com isso, Angotti passou a assumir a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES). No seu lugar, entrou Sandra Barros, ex-diretora do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos.
Angotti Neto ganhou destaque na mídia por ter sido responsável pela nota técnica, publicada pela pasta em janeiro, que defendeu o uso da cloroquina no tratamento da Covid-19 e afirmou que as vacinas não teriam a mesma eficácia do medicamento. A afirmação não tem qualquer embasamento científico.
“Essa discussão já está encerrada. Essa discussão foi feita. Eu estou assumindo agora e, conforme o ministro já colocou, há um recurso em relação a todo esse histórico que está sendo julgado e, no momento, acredito que essa não seja a pauta principal”, afirmou Sandra Barros.
De acordo com a nova secretária, as pautas principais no momento são: “lançar indicadores e metas a curto e médio prazo para conseguir mais elementos e processos no sentido de que a gente possa enriquecer ainda mais o Sistema Único de Saúde”, disse ela, em coletiva de imprensa ontem (16).
Ministro da Saúde diz que decisão sobre cloroquina contra Covid-19 cabe aos médicos
Presente na mesma coletiva, o ministro Marcelo Queiroga fez questão de entrar na conversa sobre o tema, chegando a interromper o anúncio do nome do próximo repórter selecionado para perguntar.
“Eu já falei sobre isso. O recurso [sobre a nota técnica] vai ser julgado por mim. Eu vou julgar o recurso. Por quê? Porque assim a lei determina. Isso não vai mudar a história da pandemia da covid-19. Você pode ficar certa disso. E nós vamos julgar e vamos dar as respostas, como eu falei, baseado na legislação”, disse o ministro.
Embora a cloroquina não tenha eficácia comprovada, Queiroga afirmou que a decisão sobre o tratamento da Covid-19 é do médico, dizendo até mesmo que a medicina “não é uma ciência exata”.
“Essa pauta [de medicamentos para tratar a covid-19] não se restringe a um fármaco, dois, três ou quatro. A decisão na ponta é do médico. Os médicos fazem isso há milênios, fazem bem, e temos feito. Por isso, nós estamos conseguindo controlar o caráter pandêmico da covid-19. (…) O recurso eu vou julgar, tá bom?”, finalizou Queiroga.