Nesta quinta-feira (12), mesmo vacinado com duas doses, o ator Tarcísio Meira morreu vítima da Covid-19 após 6 dias de internação no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde sua esposa, a atriz Glória Menezes, faz tratamento para a doença.
Ao contrário do marido, que chegou a ser intubado e a fazer “diálise contínua”, Glória Menezes tem “boa recuperação”, de acordo com o último boletim médico sobre o casal, divulgado na terça-feira (10).
Tanto Glória Menezes quanto Tarcísio Meira foram vacinados com a segunda dose em março deste ano na cidade de Porto Feliz, no interior de São Paulo, onde se mantiveram isolados na maior parte da pandemia.
O casal é pai de Tarcísio Filho, de 58 anos, cuja esposa Mocita Fagundes comentou nas redes sociais que Glória Menezes e Tarcísio Meira foram contaminados “num descuido”.
Vacina contra Covid-19 não é mágica
Para entender como, mesmo vacinado, Tarcísio Meira não resistiu à Covid-19, é preciso levar em conta que nenhuma vacina é 100% eficaz e outros fatores podem contribuir para uma pessoa ir a óbito depois da imunização.
“As pessoas têm muita dificuldade de entender qual é a função de uma vacina”, diz à BBC Brasil Natalia Pasternak, doutora em microbiologia e presidente do Instituto Questão de Ciência. “Elas acham que a vacina é mágica. Ou seja, tomou a vacina, está protegido; não tomou, vai ficar doente. Não é assim que vacinas funcionam.”
Para ilustrar como os imunizantes funcionam, Pasternak usa uma analogia conhecida de fácil entendimento para a maioria dos brasileiros.
“Uma boa vacina é como se fosse um bom goleiro. E como sabemos que o goleiro é bom? Vamos olhar o histórico dele. A frequência com a qual ele faz defesas. Se ele defende com frequência, ele é um bom goleiro. Isso não quer dizer que ele é invicto, que ele nunca vai tomar gol. Mas, mesmo se tomar gol, ele não deixa de ser um bom goleiro”, diz.
“Mas se o time dele for uma droga, se a defesa do time dele for uma droga, ele vai tomar mais gol, porque vai ter muito mais bolas indo para o gol, então a probabilidade de ele errar aumenta”, acrescenta. “A vacina diminui o seu risco de ficar doente, agora se você estiver numa área onde a defesa do time é ruim, onde o vírus está circulando muito, a chance de você ficar doente aumenta”, avalia.
Além disso, com o passar dos anos, idosos como Tarcísio Meira costumam ter um declínio nas defesas do sistema imunológico. Dessa forma, o estímulo provocado pelas vacinas nem sempre é suficiente para proteger o organismo de pessoas mais velhas ou imunossuprimidas.
Por essa razão que especialistas orientam a população a não deixar de usar máscara e praticar o distanciamento social mesmo após vacinadas contra a Covid-19.