Parlamentares aliados do governo, integrantes da oposição e o próprio presidente, deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA), não acreditaram na versão dada nesta terça-feira (27) pelo coronel Jean Lawand Júnior sobre mensagens trocadas com o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os atos de 8 de janeiro, ele afirmou que mensagens trocadas com Mauro Cid tinham o objetivo de pedir que Bolsonaro tentasse apaziguar os ânimos da parcela da população descontente com o resultado das eleições de 2022.
O militar negou que as mensagens quisessem incitar um golpe de estado, como foi apontado por muitos deputados e senadores, e classificou como falas infelizes os trechos que revelam uma divisão do Exército no apoio a Bolsonaro, contrapondo o alto comando ao restante da corporação. Ele também disse não entender por que foi chamado pela CPMI.
“Em nenhum momento eu falei sobre golpe, em nenhum momento eu atentei contra a democracia brasileira, em nenhum momento eu quis quebrar, destituir, agredir qualquer uma das instituições, porque isso não faz parte do que eu aprendi durante toda a minha carreira, toda a minha vida”, afirmou.
Respostas do Coronel
Em resposta aos questionamentos da relatora da CPMI, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), ele declarou que o País, com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições, passou a ter ideias antagônicas e disse que, na opinião dele, o então presidente Bolsonaro poderia ter feito uma fala de apaziguamento.
O coronel Lawand também negou a ligação entre o ex-presidente e os episódios de 12 de dezembro, com a tentativa de invasão da sede da Polícia Federal, em Brasília, e de 24 de dezembro, com uma bomba colocada próxima ao aeroporto da capital.
Convocação de Mauro Cid
Muitos parlamentares apontaram que o coronel Lawand mentiu em seu depoimento, não dando explicações convincentes sobre o teor das mensagens trocadas com o tenente-coronel Mauro Cid. Eles pediram que Cid fosse convocado para depor o mais rapidamente possível. O presidente da CPMI, Arthur Oliveira Maia, informou que a intenção é ouvir o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro na próxima terça-feira (4/7). Os parlamentares aliados ao governo disseram que um golpe só não aconteceu porque não houve aceitação por parte das Forças Armadas, como frisou o deputado Rafael Brito (MDB-AL).
“Para mim está cada dia mais cristalino que pessoas tentaram articular um golpe de Estado. E, pelas mensagens, o senhor precisa melhorar um pouco os seus argumentos para se defender, porque está muito claro que o senhor é partícipe de toda essa tramoia, e graças – como o senhor e o Mauro Cid falaram – à falta de confiança ao alto comando do Exército, o ex-presidente Bolsonaro não teve condições de colocar em vigor”, apontou o deputado.