Infelizmente os noticiários não param de estampar a crise na Ucrânia causada por um dos maiores embates geopolíticos da história. Contudo, a economia é globalizada e esse acontecimento afeta diretamente o Brasil. E isso ficará mais evidente em duas semanas. Isso porque o Banco Central, através do COPOM, não deve conseguir diminuir o ritmo de alta da Selic, que deve voltar a subir 1,5 ponto percentual.
Apesar disso, analistas veem a possibilidade de um aperto ainda maior, o que faz com que a economia sofra ainda mais, mesmo que a renda fixa ganhe mais força na área dos investimentos. No Boletim Focus de hoje, 02, a previsão de inflação aumentou, ao passo que o PIB segue intacto.
Banco Central vai ter dificuldades
O petróleo atingiu os maiores patamares em anos. Nesse dia 2 de março, a commodity atingiu o valor de US$113, o que vai impactar diretamente a economia do Brasil. Esse preço afeta a gasolina, que por sua vez afeta toda a economia brasileira. Vale lembrar que no ano passado, a gasolina correspondeu a 49% do IPCA. Por isso, a Selic vai aumentar por mais tempo do que o previsto.
Isso é o que dizem os analistas, de olho nos efeitos colaterais da guerra da Ucrânia. A Rússia, por ser a segunda maior produtora de petróleo do mundo, além de ser uma importante fornecedora de grãos, sofreu diversas sanções econômicas, o que diminuirá a oferta no mercado internacional. Com isso, os preços aumentam. O Brasil, como exportador, pagará mais caro, e o repasse de preços vai direto para o consumidor.
Com isso, além da gasolina, é esperado uma alta de preços nos itens de padaria também. Além disso, diversos produtos da cesta básica, como farinha, massa, entre outros, devem encarecer nas próximas semanas. E é exatamente esse cenário que afeta a Selic.
Selic vai subir mais ainda?
Analistas acreditam que a guerra vai afetar a economia mundial em proporções relevantes. Isso porque as commodities operam em forte alta. Por aqui, o Banco Central vai subir ainda mais a Selic no dia 16 de março. Porém, esse movimento não deve acabar por aí.
Um aumento de 1,5 ponto percentual elevará a taxa de juros para 12,25%. Atualmente, esse é exatamente o mesmo patamar que o Boletim Focus, termômetro do mercado, prevê. Porém, é bem possível que a Selic feche acima disso. Isso porque a inflação vai aumentar e, para segurar essa alta dos preços, a Selic é sempre o primeiro remédio. Dessa forma, analistas acreditam em uma Selic passando dos 14% durante o ano de 2022.
Para o PIB, o Focus prevê uma leve alta de 0,3%. Em termos econômicos, isso significa um crescimento nulo. Em um cenário de alta de preços internacionais, nada impede um cenário de estagflação, um dos piores para a economia, segundo as teorias acadêmicas. Por isso, é hora de proteger da inflação, pelo menos no curto prazo. Além disso, para investidores, segue a orientação de títulos atrelados à inflação, que darão rendimentos bons para os investidores que segurarem os ativos até o final.