O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciará nesta quarta-feira (27) qual será a nova taxa da Selic. A saber, essa é a taxa básica de juros do país, e os analistas do mercado financeiro projetam uma elevação de 1,25 ponto percentual (p.p.) para o indicador.
Caso a previsão se confirme, a taxa Selic avançará para 7,5% ao ano, maior patamar desde dezembro de 2017, quando os juros do país também estavam em 7,5%. Inclusive, o mercado financeiro acredita que a taxa chegará a 8,75% ao ano, ou seja, a Selic deverá subir ainda mais até o final de 2021. Essas projeções fazem parte do Relatório Focus, pesquisa do BC que traz a opinião de mais de cem instituições financeiras semanalmente.
O principal objetivo do Copom ao elevar a Selic é segurar a inflação do país, que está nas alturas. Aliás o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou nesta terça-feira (26) que a prévia da inflação de outubro superou as expectativas do mercado. Isso reforça ainda mais a forte alta que a Selic deve ter nessa reunião do Copom.
Entenda a Selic
Em resumo, uma Selic mais alta puxa consigo os juros praticados no país, reduzindo o poder de compra do consumidor e, consequentemente, desaquecendo a economia. Dessa forma, limita o avanço da chamada “inflação por demanda”.
Isso acontece porque a Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços. Aliás, o banco se baseia no sistema de metas de inflação, definido Conselho Monetário Nacional (CMN).
Em 2021, a meta central de inflação é de 3,75%, podendo variar 1,5 p.p. para cima e para baixo. Assim, a inflação pode chegar até 5,25% no final de 2021 e, mesmo assim, ela não extrapolará o limite da meta.
Contudo, o mercado financeiro projeta a inflação em 8,96% para este ano, taxa bem maior que o limite definido. Por isso, o Copom vem elevando a Selic nas últimas reuniões, pois o BC deve adotar medidas para estabilizar a inflação do país, o que permite maior crescimento econômico ao reduzir as incertezas domésticas.
Inflação sobe por outras razões
No entanto, a elevação da inflação não ocorre apenas pelo aumento da demanda. Há outros fatores que impulsionam a taxa no país, como o aumento de gastos públicos, a elevação do dólar e as instabilidades domésticas, seja fiscal, seja política.
Em suma, o presidente Jair Bolsonaro vem elevando os gastos públicos para tentar ganhar votos para as eleições de 2022. Para isso, a equipe econômica do governo vem se desdobrando para que o financiamento do Auxílio Brasil caiba dentro do teto de gastos públicos.
Aliás, o ministro da Economia, Paulo Guedes, explicou que o governo ainda estuda maneiras de financiar o programa. De acordo com ele, a equipe econômica tenta viabilizar meios de alterar o teto de gastos públicos, tido como âncora fiscal do país. Aliás, uma das opções consiste em criar uma “licença para gastar” com o programa assistencial.
Por fim, a cotação do dólar também segue nas alturas, a R$ 5,55. Isso acaba elevando os preços no país, visto que muitos produtos vêm do exterior ou, pelo menos, possuem alguma relação com produtos importados. Tudo isso indica que o BC precisará mesmo elevar a Selic ainda mais expressivamente até o final do ano.
Leia Mais: Neoenergia registra lucro de R$ 1,3 bilhão no terceiro trimestre