O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciará nesta quarta-feira (22) qual será a nova taxa da Selic. A saber, essa é a taxa básica de juros do país, e os analistas do mercado financeiro projetam uma elevação de 1,0 ponto percentual (p.p.) para o indicador.
Caso a previsão se confirme, a taxa Selic avançará para 6,25% ao ano, maior patamar em pouco mais de dois anos. Inclusive, o mercado financeiro acredita que a taxa chegará a 8,25% ao ano, ou seja, a Selic subirá ainda mais até o final de 2021. A saber, essas projeções são resultado do Relatório Focus, pesquisa do BC que traz a opinião de mais de cem instituições financeiras semanalmente.
O principal objetivo do Copom ao elevar a Selic é segurar a inflação do país, que está nas alturas. Em resumo, uma Selic mais alta puxa consigo os juros praticados no país, reduzindo o poder de compra do consumidor e, consequentemente, desaquecendo a economia. Dessa forma, limita o avanço da chamada “inflação por demanda”.
Isso acontece porque a Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços. Aliás, o banco se baseia no sistema de metas de inflação, definido Conselho Monetário Nacional (CMN). Em 2021, a meta central de inflação é de 3,75%, podendo variar 1,5 p.p. para cima e para baixo. Assim, a inflação pode chegar até 5,25% no final de 2021 e, mesmo assim, ela não extrapolará o limite da meta.
Contudo, o mercado financeiro projeta a inflação em 8,35% para este ano, taxa bem maior que o limite definido. Por isso, o Copom vem elevando a Selic, pois o BC deve adotar medidas para estabilizar a inflação do país, o que permite maior crescimento econômico ao reduzir as incertezas domésticas.
Inflação sobe por outras razões
No entanto, a elevação da inflação não ocorre apenas pelo aumento da demanda. Há outros fatores que impulsionam a taxa no país, como o aumento de gastos públicos, a elevação do dólar e as instabilidades domésticas, seja fiscal, seja política.
Nesta semana, teve início a cobrança da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). De acordo com o governo, o dinheiro arrecado pelo imposto seguirá para o financiamento do Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família. E isso ajuda a impulsionar a inflação, aumentando as preocupações fiscais do país.
Em suma, o presidente Jair Bolsonaro vem elevando os gastos públicos para tentar ganhar votos para as eleições de 2022. Para isso, a equipe econômica do governo vem se desdobrando para que o financiamento do Auxílio Brasil caiba dentro do teto de gastos públicos, o que vem se mostrando bastante complicado.
Por fim, a cotação do dólar também segue nas alturas, próxima dos R$ 5,30. Isso acaba elevando os preços no país, visto que muitos produtos vêm do exterior ou, pelo menos, possuem alguma relação com produtos importados. Tudo isso indica que o BC precisará mesmo elevar a Selic até o final do ano.
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