Nesta quarta-feira (16), o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou o aumento da taxa Selic. A taxa básica de juros brasileira teve aumento de um ponto percentual, saindo de 10,75% para 11,75%. Segundo o comitê do Banco Central, este aumento já era esperado pelo mercado, sendo o nono aumento seguido da taxa de juros.
Dessa forma, a nova taxa básica de juros representa o maior patamar desde abril de 2017, quando atingiu 11,25%. Segundo o Copom, um novo aumento está previsto para a próxima reunião, que acontecerá no início de maio.
A Selic vem em escalada desde em março de 2021, quando ainda estava na mínima histórica de 2%. Desde então, a taxa aumentou 9,75% pontos. A justificativa para os aumentos até agora é a contenção da inflação, que vem pressionando a economia brasileira. Este último aumento também teve como base o conflito entre Rússia e Ucrânia, que vem deteriorando os indicadores econômicos.
“O Copom avalia que o momento exige serenidade para avaliação da extensão e duração dos atuais choques”, disse o comitê em comunicado. “Caso se provem mais persistentes ou maiores que o antecipado, o Comitê estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário. O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.
Ainda em fevereiro, quando elevou a Selic em 1,5 ponto percentual, o Copom havia indicado redução no ritmo da alta de juros. Isso acabou não se cumprindo devido a reviravolta no cenário exterior causado pela guerra entre Rússia e Ucrânia e que tem abalado fortemente o mercado interno.
Aumento da Selic não impede inflação longe da meta
Os impactos gerados nos preços das commodities têm elevado bastante as estimativas da inflação para 2022 e também para 2023, fazendo com que a inflação fuja do centro da meta estipulado pelo governo, que é de 3,25% ¨.
Com isso, o Copom diz que “diante das projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista”.
Segundo o comitê, a inflação prevista para 2022 era de 5,4%, contudo, nesta última reunião, a projeção foi reajustada para 7,1%, estourando bastante o teto estipulado. “As projeções de inflação do Copom situam-se em 7,1% para 2022 e 3,4% para 2023. Esse cenário supõe uma trajetória de juros que se eleva para 12,75% em 2022 e reduz-se para 8,75% a.a em 2023”.
Dessa forma, o aumento da Selic reflete em taxas bancárias mais elevadas, ainda que haja uma defasagem entre a decisão do Banco Central e o custo mais alto do crédito. Além disso, a elevação da taxa de juros também influencia, de forma negativa, o consumo da população bem como os investimentos produtivos.