Cientistas dos Estados Unidos desenvolveram uma pílula anticoncepcional masculina capaz de impedir que os espermatozoides nadem. A informação consta na revista científica Nature Communications, publicada na terça-feira (14). De acordo com o estudo, testes feitos em camundongos mostraram que a pílula anticoncepcional masculina, que neste caso se trata de um medicamento não hormonal, foi capaz de manter os espermatozoides disfuncionais por algumas horas, impedindo assim que eles pudessem alcançar o óvulo.
Apesar do avanço, a publicação feita na revista científica Nature Communications ressalta que muitos outros testes estão previstos e são necessários para que o projeto avance. Nesse sentido, destaca-se que os ensaios, antes de serem realizados com pessoas, devem ser feitos em coelhos.
Segundo os cientistas, a ideia é que, nos humanos, essas pílulas sejam utilizadas antes do sexo, ocasionando assim um efeito temporário advindo de um medicamente que, ao contrário dos utilizados pelas mulheres, não envolve hormônios. Para Melanie Balbach, do centro de pesquisas Weill Cornell Medicine, em Nova York, nos Estados Unidos, das vantagens da pílula, destacam-se:
- A não necessidade de corte nos níveis de testosterona dos homens;
- E também o não risco de efeito colateral por conta do uso deste fármaco em questão.
Conforme a especialista, que explica que o medicamente bloqueia a ação da proteína de sinalização celular chamada adenilil ciclase solúvel, responsável pela “natação do espermatozoide”, nos estudos iniciais, a ingestão de somente uma pílula foi capaz de fazer o efeito desejável antes, durante e após o sexo.
Não suficiente, Melanie Balbach explicou que o efeito durou cerca de três horas e, em 24 horas, parecia ter desaparecido completamente. Em entrevista ao jornal “The New York Times“, Allan Pacey, professor de andrologia da Universidade de Sheffield, que não está envolvido no estudo, comemorou os resultados.
“Há uma necessidade premente de um contraceptivo oral eficaz e reversível para homens e, embora muitas abordagens diferentes tenham sido testadas ao longo dos anos, nenhuma chegou até agora ao mercado”, explicou ele, completando que o estudo publicado na revista científica Nature Communications é “muito empolgante”.
“A abordagem descrita aqui, eliminando uma enzima-chave para o movimento do espermatozoide, é uma ideia realmente nova. O fato de ser capaz de agir e ser revertido tão rapidamente é realmente muito empolgante”, disse ele, que finalizou relatando que, “se os testes em camundongos puderem ser replicados em humanos com o mesmo grau de eficácia, então esta pode ser a abordagem contraceptiva masculina que estamos procurando”.