Os brasileiros passaram os últimos meses pagando uma conta de luz mais cara do que o normal. Contudo, isso chegou ao fim no sábado (16), quando a bandeira verde voltou a vigorar no país, ou seja, os consumidores não terão mais cobranças extras em suas contas.
Em resumo, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) possui um sistema de bandeiras tarifárias que adiciona uma cobrança às contas de energia dos consumidores. E a bandeira verde significa que não haverá taxas extras a serem pagas.
Por falar em pagar, o brasileiro não deveria ficar muito feliz com a volta da bandeira verde. Embora a medida possa reduzir em cerca de 20% o valor da conta de luz, o consumidor continuará pagando caro para ter energia elétrica em casa. Na verdade, a conta de luz do Brasil é a segunda mais cara do mundo.
Muitos especialistas afirmam que o país possui uma das melhores matrizes de energia elétrica renovável do planeta. Por ter dimensões continentais, o Brasil tem muito sol, vento e água, e tudo isso não custa nada. No entanto, os impostos e subsídios cobrados nas contas de luz a deixam tão caras.
Veja para onde vai o seu dinheiro
De acordo com um levantamento realizado pela Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace), apenas 53,5% do valor da conta de luz tem ligação com geração, transmissão e distribuição da energia elétrica. Em outras palavras, o restante se refere a impostos, subsídios, taxas que bancam políticas públicas e ineficiências do setor.
A entidade projeta que os impostos e subsídios somem R$ 144,9 bilhões neste ano. Em suma, a maior despesa nas contas de luz virá da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que deverá totalizar R$ 28,8 bilhões.
A saber, a CDE é considerada como uma “caixa-preta” pelos especialistas. Ela banca subsídios para diversas áreas, como desenvolvimento regional e saneamento. Além disso, parte do dinheiro segue para a agricultura e até para o carvão e o diesel.
Outros R$ 8,7 bilhões seguirão para energia de reserva, enquanto R$ 8,67 bilhões corresponde aos Encargos do Serviço do Sistema (ESS) elétrico. A propósito, estes encargos abrigam os custos que o país tem com as termelétricas, que são mais caras e poluentes que as hidrelétricas.
A Abrace também revelou que R$ 6,41 bilhões deverão ser destinados ao Proinfa, que é um programa de compra de energia renovável. Outros R$ 6,32 bilhões irão corresponder à iluminação pública, taxa paga aos prefeitos para garantir a iluminação dos municípios. Já R$ 5,43 bilhões serão recursos pagos para compensar a energia furtada do sistema elétrico.
Há ainda mais R$ 1,94 bilhão destinado à fundos que promovam a eficiência e desenvolvam pesquisas no setor. Tudo isso mostra que o brasileiro paga tantos tributos que fica impossível ter uma conta de luz barata.
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