As bandeiras tarifárias incidentes sobre a conta de luz promoverão um impacto negativo na margem de R$ 22,4 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) referente aos anos de 2021 e 2022. A estimativa foi dada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os principais causadores desses efeitos são as bandeiras de escassez hídrica e vermelha patamar 2.
A alta na conta de luz resultará uma perda na margem de R$ 8,2 bilhões no PIB deste ano em comparação com o patamar que poderia ser atingido em um cenário no qual não houvesse crise hídrica. O valor mencionado corresponde a uma variação negativa de, aproximadamente, 0,11% por meio da soma de bens e serviços. O impacto estimado para 2022 gira em torno de R$ 14,2 bilhões, ou seja, o equivalente a 0,19%.
No entanto, este não é o único efeito da alta na conta de luz provocada pela crise hídrica, pois os empregos também foram afetados. Ao todo, o mercado de trabalho encerrará o ano com 166 mil postos de trabalho em comparação ao índice de desemprego entre o período de abril e junho de 2021.
O aumento dos gastos na conta farão com que as corporações cortem os custos em uma outra ponta, podendo acabar com o quadro de funcionários em cenários mais críticos. Segundo um estudo recente publicado pela agência Reuters, em 2022, a crise hídrica poderá afetar cerca de 290 mil empregos em comparação ao número de trabalhadores ocupados no primeiro trimestre deste ano.
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, publicou um documento que destaca o alto custo como um reflexo do uso de termelétricas, uma vez que os reservatórios operaram em baixa devido à escassez hídrica. “O alto custo dos impostos e dos encargos setoriais e os erros regulatórios tornaram a energia elétrica paga pela indústria uma das mais caras do mundo, o que nos preocupa muito, pois a energia elétrica é um dos principais insumos da indústria brasileira. Essa elevação do custo de geração de energia é repassada aos consumidores, com impactos bastante negativos sobre a economia”, declarou Braga em nota.
Nas últimas semanas a Câmara dos Deputados editou a Medida Provisória (MP) que prevê medidas preventivas contra a crise hídrica em caso de agravo. No entanto, as ações de contenção são capazes de provocar um impacto na margem de R$ 46,5 bilhões.
O pior de tudo é que esse montante será custeado pelos próprios consumidores brasileiros, pois consiste em taxas cobradas sobre a conta de luz mensalmente, conforme reforçado pela Associação dos Grandes Consumidores de Energia e de Consumidores Livres (Abrace). De acordo com os deputados, eles precisam de um tempo maior para conseguirem estudar todas as proposições com calma antes do texto sobre a crise hídrica ser apreciado a caráter conclusivo.
No que compete ao texto elaborado pelo relator, a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo cujo financiamento é rateado pelos consumidores, continuaria com a responsabilidade de bancar uma parcela da exploração de carvão nacional até o ano de 2035. O custo extra gira em torno de R$ 2,8 bilhões para os consumidores.
Somente em 2020 os brasileiros precisaram arcar com um custo de R$ 670 milhões oriundos da operação de extração de carvão usado em uma parte das usinas térmicas de energia. O relator ressaltou que a medida seria capaz de “propiciar uma transição gradual da indústria mineira de carvão e atenuar impactos econômicos e sociais em muitos municípios da região Sul”.