O empréstimo consignado do Auxílio Brasil tem gerado problemas para diversos beneficiários, principalmente para aqueles que buscam a Caixa Econômica Federal para realizar a operação. Os beneficiários têm reclamado no atraso do depósito de valores, bem como cobranças inesperadas de valores.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, desde o início da operação de empréstimo consignado do Auxílio Brasil, mais de 2 mil reclamações foram abertas em relação à operação do crédito. O levantamento foi feito apenas entre o período entre os dias 11 e 17 de outubro.
Segundo a Caixa Econômica Federal, a “demanda por empréstimos do Consignado do Auxílio Brasil é recorde” e, devido a isso, os primeiros dias de operação do consignado do Auxílio Brasil foram de lentidão, principalmente no processamento de alguns casos.
“A título de exemplo, entre 11 e 20 de setembro, o banco teve cerca de R$25 milhões de acessos ao aplicativo Caixa Tem para solicitação de empréstimos. Já entre 11 e 20 de outubro, período em que a Caixa está operando o empréstimo Consignado Auxílio, esse número de acessos no aplicativo saltou para mais de 206 milhões, ou seja, em volume numérico, é como se toda a população do Brasil tivesse interagido com o banco em apenas 10 dias”, afirmou a Caixa, em nota.
A Caixa Econômica Federal também informou que foram implementadas melhorias que buscam agilizar o tempo de análise e processamento das solicitações feitas. Segundo o banco, mesmo com a alta demanda, cerca de 80% das solicitações já foram analisadas e concluídas.
Tipos de reclamações em relação ao consignado
Entre as mais de duas mil reclamações levantadas pelo Idec, as principais categorias se enquadram em assédio de instituições financeiras e a venda casada de seguro prestamista. Este último é um valor pago para que, caso o tomador de empréstimo faleça ou tenha invalidez total, o empréstimo seja quitado. É uma proteção para clientes, que, diante destes imprevistos, possam pagar as prestações.
De acordo com a coordenadora de Programa de Serviços Financeiros do Idec, Ione Amorim, a cobrança de seguro prestamista ao assinar o consignado do Auxílio Brasil, sem consentimento, é configurada como venda casada vedada e está expressa no Código de Defesa do Consumidor. Por outro lado, em relação à cobrança de juros de acerto, ela também é considerada indevida pelo Ministério da Cidadania.
Em nota, a Caixa Econômica Federal disse que “repudia a prática de venda casada e possui estrito Código de Ética que orienta a atuação de toda sua rede de atendimento no sentido de prestar informações corretas aos clientes, respeitando seus direitos de consumidores. O descumprimento às normas externas e internas é apurado e passível de medidas cabíveis”.
Ainda, segundo a Caixa Econômica Federal, a contratação do empréstimo consignado possui tanto a opção “com seguro” quanto a “sem seguro”, inclusive no aplicativo Caixa Tem. Ambas as opções, no aplicativo, aparecem desmarcadas para que o cliente escolha a opção que melhor atender. Além disso, as alterações nos valores do contrato do empréstimo consignado também são evidenciadas no aplicativo, de forma que o cliente possa tomar a melhor decisão antes de tomar o empréstimo.