É claro que, com todo esse conflito que tem feito o Afeganistão virar manchete no mundo todo, o presidente dos Estados Unidos não poderia deixar de dar alguma declaração sobre o assunto. Entretanto, o posicionamento resultou em duras críticas contra Joe Biden.
Ele já foi mal interpretado logo que mobilizou as forças armadas estadunidenses apenas para resgatar os próprios cidadãos, sem mostrar qualquer interesse ou esforço em ajudar as pessoas que estão enfrentando dificuldades devido às crises políticas do país. Segundo o próprio presidente, ele foi forçado, no sábado (14), a aprovar o envio de milhares de soldados adicionais dos EUA “para garantir que possamos ter uma retirada ordenada e segura de funcionários dos EUA e outros aliados” e realizar uma “evacuação segura” dos afegãos em “risco especial” em relação ao Talebã.
Um relatório da inteligência dos EUA que vazou neste mês alertou que o governo afegão apoiado pelo Ocidente poderia entrar em colapso dentro de 90 dias após a partida das tropas dos EUA. O antecessor de Biden, Donald Trump, o acusou de “fraqueza, incompetência e total incoerência estratégica”, mas alguns apontaram para um acordo de retirada que sua equipe traçou com o Talebã no ano passado como parte da culpa.
Crítica a Joe Biden
A BBC chamou críticos para comentarem a situação e, pelo que dizem os profissionais, a decisão do presidente de encerrar o conflito mais longo dos EUA desfez 20 anos de trabalho e sacrifício, abriu caminho para uma catástrofe humanitária e pôs em dúvida a credibilidade dos EUA.
Husain Haqqani, embaixador do Paquistão nos Estados Unidos em 2009, disse à BBC: “Ele [Biden] sempre disse ‘nossa luta era sobre a Al-Qaeda, não o Talebã’. Sempre achei que isso era ingênuo”.
Sher Hossain Jaghori, um afegão-americano, perdeu um braço servindo como intérprete para as tropas americanas em 2003. Agora cidadão americano, ele disse estar furioso com a retirada dos EUA. Biden “deixou o povo do Afeganistão nas mãos do Talebã”, disse ele ao serviço persa da BBC (BBC Persian). “Não confio mais no governo dos Estados Unidos”, disse ele. “Minha esposa e meu filho votaram em Biden. Eu disse a eles para não fazerem isso. Eles vieram a mim e disseram que agora acreditam que eu estava certo. Não votarão novamente”.
O que está acontecendo no Afeganistão?
Tal como publicado pelo Brasil123, o Talibã está de volta ao Afeganistão. Rapidamente após a notícia de que o grupo estava em Cabul, capital do país, o chefe do Executivo local, Ashraf Ghani, deixou o local.
Segundo o grupo extremista, que defendia uma rendição pacífica do governo, o controle do palácio presidencial em Cabul foi tomado após a fuga de Ghani. Os talibãs estavam fora do país desde que foram expulsos pelos Estados Unidos, que invadiram o país dias após os ataques de 11 de setembro de 2001.
O grupo acabou entrando na capital do país após a fuga do presidente, pois, segundo ele, a capital “abandonada” correria risco de sofrer violências e saques.