Colheita de cana, dificuldades de oferta, demanda e outros fatores acabaram por pressionar os preços do etanol e do açúcar, sendo um dos maiores para o atual cenário de alta inflação. O ano de 2021 foi marcado pelo ônus na hora de abastecer o tanque do automóvel, principalmente no etanol, que ocupa o primeiro lugar no ranking da inflação. Os dados do IPCA-15 do mês de dezembro revelam um aumento de 63,28%, seguido do açúcar refinado, que aumentou cerca de 50,93%.
Ranking de inflação de 2021
Entre os dez itens que mais contribuíram para a inflação deste ano, encontra-se o pimentão, com 50,75%, a gasolina com 49,59%, diesel com 48,01%, a mandioca com 46,21%, o pó de café com 45,65%, o gás veicular com 43,26%, as revistas, 40,31% e por fim o botijão de gás, com 38,07%. Há dificuldades que merecem ser ressaltadas, como a safra da cana, que acabou aumentando diretamente os preços do etanol e do açúcar refinado, além de problemas climáticos que nos afetam, como invernos muito rigorosos e chuvas excessivas, que acabam por atrapalhar a produção de cana de açúcar.
Além disso, há também os fatores relacionados à pandemia, como o salto das commodities no exterior, como o açúcar e o petróleo, que também registraram um aumento no valor, além das usinas que focaram na produção do açúcar e deixaram um pouco de lado o etanol.
Dúvidas em 2021
Na frente comercial, a promessa de um Brasil mais aberto esbarrou na pandemia, especialmente nas políticas protecionistas empreendidas por outros países em relação à COVID-19. O governo brasileiro parece pronto para pressionar por mais abertura. O investimento estrangeiro diminuiu nos últimos dois anos, mas parece ter iniciado uma recuperação. Várias iniciativas são necessárias para garantir a recuperação contínua.
Uma das prioridades, como sempre, é o investimento em infraestrutura. O governo brasileiro voltou a leiloar concessões e ativos e aprovou legislação importante, especialmente em petróleo e gás. Finalmente, o Brasil não escapou das consequências inflacionárias de uma expansão fiscal e monetária de emergência. Questões sobre se o governo manterá as regras fiscais, especialmente tendo em vista o surgimento de um grande estoque de dívidas de precatórios, surgiram. O Banco Central do Brasil continua apertando, mas até onde vai?
Desafios para 2022
Como em 2021, o próximo ano será um ano muito difícil. A inflação continua a corroer o poder de compra, o desemprego continua alto, o mercado de trabalho é muito frágil, as taxas de juros estão subindo e a nova variante Omicron apareceu. Desse modo, os preços não devem cair, mas a alta deve ser pelo menos um pouco mais razoável. A taxa de inflação em 2021 deve ser de quase 11% ao ano, e deve cair pelo menos pela metade até 2022.
Os riscos fiscais e a incerteza política de um ano eleitoral também podem tornar mais difícil deixar essa estagnação para trás. As previsões para 2022 não são boas. O PIB não deve crescer mais do que 1% e alguns economistas projetam que a economia encolherá. Outro fator que pode afetar é a eleição presidencial. Em suma, teremos um cenário bastante polêmico, porque a campanha presidencial costuma ser de muitos conflitos e atingir diversos setores da economia, que não conseguem fazer um planejamento de longo prazo, o que acabará por dificultar a abertura de novas empresas e tirar capital do exterior.