Um tribunal argentino considerou a ex-presidente Cristina Kirchner culpada de corrupção, condenou-a a seis anos de prisão e baniu-a de cargos públicos para sempre, irritando seus fervorosos apoiadores. A atual vice-presidente, uma das políticas mais proeminentes e controversas da Argentina, foi considerada culpada de “administração fraudulenta” por contratos de obras públicas irregulares concedidos durante sua presidência de 2007 a 2015. No entanto, apesar da condenação, o presidente eleito, Lula, se solidarizou com Kirchner nesta quarta-feira (7).
Condenação de Cristina Kirchner
Os promotores estão pedindo uma sentença de 12 anos de prisão e uma proibição perpétua da política. Kirchner, de 69 anos, provavelmente não irá para a prisão tão cedo, já que ela mantém sua imunidade no Congresso e ainda tem várias vias de apelação. Por duas décadas, Kirchner esteve no centro da política argentina, sendo amada e odiada. O período investigado inclui os oito anos de Kirchner no cargo e os quatro anos anteriores, quando seu falecido marido, Nestor Kirchner, era presidente.
Cristina Kirchner nega
Cristina Kirchner negou irregularidades e deve apelar. Ela chamou o tribunal de “pelotão de fuzilamento” envolvido em perseguição política que visa impedi-la de concorrer a um terceiro mandato como presidente no próximo ano. Ela disse que o julgamento tratava-se de uma caça às bruxas política e o resultado é uma conclusão precipitada. “Um presidente não é responsável pela execução e administração do orçamento”, disse Kirchner em um vídeo ao vivo nas redes sociais depois que a decisão foi tornada pública.
“Eu não legislo. Não sancionei leis orçamentárias. Esses eram os deputados e senadores. Eu provei absolutamente… que não tenho controle sobre [isso]”, concluiu.
Apoio de Lula
Em publicações em suas redes sociais, nesta quarta-feira (7), o presidente eleito Lula manifestou solidariedade. “Minha solidariedade à vice-presidente da Argentina, @CFKArgentina. Vi sua manifestação de que é vítima de lawfare e sabemos bem aqui no Brasil o quanto essa prática pode causar danos à democracia. Torço por uma justiça imparcial e independente para todos e pelo povo da Argentina”.
Além disso, a ex-presidente Dilma Rousseff manifestou solidariedade à vice-presidente argentina. “Cristina Kirchner – @CFKArgentina denunciou na Folha de S. Paulo que seria condenada, por supostos crimes que não cometeu. Além da prisão, a sentença dada ontem a inabilita para a vida pública por toda eternidade”, escreveu Dilma em seu Twitter.
“A decisão da Justiça argentina contra @CFKArgentina é uma auto confissão explícita da perseguição contra ela. A sentença, em definitivo, é injusta e recai sobre @CFKArgentina, que é uma das mais importantes líderes da América Latina. Sem dúvida, é uma exigência da extrema-direita, na Argentina, assim como a condenação do presidente Lula teve sentido similar no Brasil”, complementou.