O volume de concessões de empréstimos bancários desacelerou em janeiro deste ano. De acordo com o levantamento do Banco Central (BC), as novas concessões de crédito totalizou R$ 151 milhões no primeiro mês de 2022.
Esse montante ficou 9% menor que o valor registrado em dezembro do ano passado (R$ 166 milhões). Aliás, o volume de concessões também não superou os dados de novembro (R$ 161,99 milhões). E isso indica que a oferta de crédito no país teve forte desaceleração no início deste ano.
Vale destacar que a população brasileira está cada vez mais endividada. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelou no início deste mês que 77,5% das famílias do país estavam endividadas em março. A saber, este é o maior patamar já registrado pela série histórica da CNC, que teve início em 2010.
Em resumo, o cartão de crédito é uma das principais razões para o alto endividamento da população. Isso porque a procura pelo rotativo somou R$ 224,7 bilhões no ano passado, maior valor em dez anos, segundo BC. E esse crescimento ocorreu ao mesmo tempo em que os juros e a inflação cresciam significativamente no país, bem como o endividamento.
Bancos estão mais cautelosos nas concessões de crédito
O economista sênior da Serasa Experian, Luiz Rabi, acredita que o endividamento elevado dos brasileiros vem provocando a redução nas concessões de crédito. Em suma, os bancos não estão mais liberando ofertas para todo mundo, pois há uma grande chance de inadimplência.
“Quando a economia vai bem, as pessoas tomam crédito para comprar imóvel e carro. Hoje, as pessoas usam cheque especial e cartão de crédito para que o salário chegue ao final do mês”, explicou Rabi.
Embora o endividamento esteja elevado, a inadimplência ainda se mantém em patamares historicamente baixos. Segundo o economista sênior da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Luiz Fernando Castelli, a inadimplência da população “não deve comprometer o sistema financeiro”.
“Devemos ter uma estabilização do índice de inadimplência nos próximos meses porque novos estímulos na economia estão equilibrando o aumento dos juros. Estamos vivendo um momento mais difícil da economia, mas com a melhora da situação do país, por volta de 2023 e 2024, a taxa [de juros] deve cair”, disse Castelli.
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