Na última sexta-feira (10/06), os Estados Unidos divulgou o Índice de Preços ao Consumidor para o mês de maio. O índice, responsável por medir a inflação no país, teve alta de 1% em relação ao mês anterior. Já a inflação acumulada de todo o ano já está na casa dos 8,6%, sendo a pior desde dezembro de 1981, quando o índice acumulado chegou a 8,9%.
O indicador superou as expectativas de especialistas, que apontavam alta de 0,7%. Os itens que puxaram o indicador para cima foram moradia, combustível e alimentação. A princípio, a forte alta do combustível – devido a guerra entre Rússia e Ucrânia – fez com que houvesse aumento também no custo de alimentos, saúde e etc.
Como a inflação é o principal indicador dos bancos centrais para definir a taxa de juros básica de um país, esse aumento além do esperado gerou muitas preocupações pelo mundo, visto que deve obrigar o Federal Reserve (banco central norte-americano) a acelerar a alta da taxa de juros no país.
De acordo com especialistas, a mudança de percepção do Federal Reserve, banco central americano, de uma inflação “temporária” para algo mais “duradouro”, levou o órgão a reduzir os estímulos monetários para iniciar um processo de escalada rápida dos juros.
Impacto da inflação norte-americana no Brasil
O aumento da taxa de juros dos EUA é um atrativo para investidores, visto que, por ser um país de estabilidade política e econômica, significa que o dinheiro a ser investido trará retornos a um baixo custo. Ainda que a inflação nos EUA esteja atingindo níveis recordes, o grau de confiança dos investidores sobre sua economia se mantém alta, tendendo a atrair capital de todo o mundo.
Nesse sentido, isso afeta diretamente países emergentes onde não é possível ter certeza sobre a estabilidade política e econômica da região. O aumento na taxa de juros norte-americana resultará em fuga de capital de investidores de países emergentes, como o Brasil, para os EUA. Além disso, tende a pressionar a taxa de câmbio, o que também irá pressionar tanto a inflação quanto os juros aqui.
Com isso, o Banco Central brasileiro talvez tenha que estender a manutenção dos aumentos das taxas de juros para conter a inflação. Atualmente, a Selic encontra-se em 12,75% ao ano e, nesta semana, terá nova reunião do Copom, que deve definir o aumento da taxa para 13,25% ao ano.
De acordo com o Federal Reserve, será possível elevar a taxa de juros de forma que a inflação se estabilize na meta dos 2%, sem que uma recessão seja causada. Contudo, há uma expectativa de que seja necessário elevar a taxa de juros para 3,5% para manter esta meta, o que causaria uma retração ainda maior.
Contudo, caso isso de fato ocorra, será ainda mais prejudicial para o Brasil, assim como outros países emergentes. Sendo assim, há a necessidade de maior atenção sobre a política monetária norte-americana, visto que impactará diretamente a economia brasileira.