O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) decidiu na última quarta-feira (12) limitar as regras de contratação de usinas termelétricas no país. Isso ocorreu, porque os níveis dos reservatórios continua subindo e mantendo a trajetória de recuperação.
A saber, o Brasil vem acionando as usinas termelétricas mais intensamente nos últimos meses devido à crise hídrica. Em resumo, o país enfrentou a pior crise dos últimos 91 anos, com chuvas abaixo do esperado nas regiões das hidrelétricas.
Aliás, os reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste, responsáveis pela geração de 70% da energia do país, estavam em situação crítica meses atrás. Como as hidrelétricas produzem cerca de 65% de toda a energia do país, e os reservatórios estavam em apuros, o governo passou a acionar as termelétricas cada vez mais frequentemente.
No entanto, estas usinas são mais caras e poluentes que as hidrelétricas. Por isso, o CMSE definiu que o país só poderá acionar usinas que tenham um custo variável de até R$ 1.000/MWh. Esse teto pode ser elevado até R$ 1.500/MWh caso haja necessidade, como “indisponibilidades forçadas de equipamentos”.
Em suma, custo variável se refere ao preço necessário para pagar todos os custos operacionais das usinas termelétricas. Contudo, como estas usinas são mais caras, o acionamento delas encarece a conta de energia dos brasileiros.
Consumidor não terá reajuste em suas contas
Embora a notícia seja positiva para a população, a limitação do uso das termelétricas não reduzirá os valores pagos nas contas. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o rombo acumulado na arrecadação da bandeira tarifária ficou em R$ 9,87 bilhões entre janeiro e setembro.
A saber, esse valor se refere aos gastos com a produção adicional e com a importação de energia da Argentina e do Paraguai. E a arrecadação com as bandeiras tarifárias não cobriu estes custos. Inclusive, nem mesmo a criação da “bandeira tarifária escassez hídrica”, com cobrança ainda maior que a bandeira vermelha patamar 2 (mais cara até então) conseguiu cobrir os custos de produção.
À época do anúncio da nova bandeira, no final de agosto, o diretor-geral da Aneel, André Pepitone, revelou que a arrecadação com esta bandeira conseguiria zerar o déficit até abril de 2022. Isso quer dizer que os brasileiros ainda pagarão mais caro pelos próximos meses, mesmo com o barateamento da produção de energia no país pelo governo.
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