A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara aprovou uma nota de repúdio à visita oficial do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ao Brasil. O ato, aprovado nesta quarta-feira (31), contou com o apoio de políticos da oposição do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em um movimento que foi comandado pelo deputado federal Marcel van Hattem (Novo).
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De acordo com Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), presidente da comissão, a visita de Nicolás Maduro ao Brasil fez o país passar uma “vergonha”. “É compreensível que o Brasil tenha relações comerciais com todo mundo, mas absolutamente inaceitável o tom de celebração com a qual ele foi recebido. Isso é uma vergonha nacional e o Congresso Nacional se posicionou contra esse fato”, disse ele.
O deputado Glauber Braga (PSOL), que votou contra a nota de repúdio, afirmou, em entrevista ao canal “CNN Brasil”, que a aprovação do texto não reflete a posição do Parlamento, mas da oposição radical ao governo Lula. “O que se está discutindo não é apoio ou não ao governo, mas a relação diplomática entre países. E o Brasil tem obrigação de estabelecer relação com a Venezuela para que os embargos que prejudicam os venezuelanos possam ser superados. Essa moção é um instrumento da extrema-direita para que essas relações não aconteçam”, disse ele sobre o texto, que agora será levado ao plenário da Câmara – aliados do governo irão tentar obter rejeição do texto.
‘Ninguém é obrigado a concordar’, diz Lula
Na terça, Lula voltou a defender o chefe do Executivo da Venezuela, o ditador Nicolás Maduro. Na ocasião, logo após ter saído de uma reunião com presidentes sul-americanos, o petista disse que “ninguém é obrigado a concordar com ninguém”. Na segunda, assim como publicou o Brasil123, Lula conversou com Nicolas Maduro e, após o encontro, disse que o político é alvo de “narrativas”, em referência às afirmações de que o país é uma ditadura. Essa posição vai contra o que afirmam ONGs e organismos internacionais.
Dados da Anistia Internacional e das Nações Unidas, reiteradamente dizem que o governo venezuelano viola os direitos humanos e é suspeito de crimes contra a humanidade. Conforme essas entidades, não são raras as agressões a ativistas de direitos humanos, jornalistas e líderes indígenas. Nesse sentido, hoje, estima-se que existam pelo menos 300 presos políticos no país que, ao mesmo tempo, enfrenta elevados índice de inflação, pobreza e desemprego.
Nesta terça, os presidentes do Uruguai, Luis Lacalle Pou, e do Chile, Gabriel Boric, disseram que discordam da visão de Lula de que se trata de “narrativas”, e não da realidade. “O Maduro faz parte deste continente nosso. Houve muito respeito com a participação do Maduro. Ninguém é obrigado a concordar com ninguém. É assim que a gente vai fazendo”, disse Lula.
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