Nesta quarta-feira (24/5), durante seu discurso na Comissão do Meio Ambiente na Câmara dos Deputados, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, criticou o agronegócio, mais especificamente a prática de desmatamento. A ministra classificou a prática como “ogronegócio”, em uma alusão ao agronegócio. Vale destacar que Marina Silva estava presente na Câmara dos Deputados para apresentar o plano de trabalho da pasta.
Falas de Marina Silva
De acordo com a ministra, o governo apostará na transição para o baixo carbono. Assim, em sua perspectiva, o agronegócio brasileiro será retirado da condição de ‘ogronegócio’. De acordo com ela, uma boa parte já está fazendo o dever de casa, no entanto, a parte que não faz contamina o resto.
Como resultado, há um prejuízo muito grande para o Brasil, para os investimentos, e para fechar um acordo do Brasil com Mercosul e União Europeia. Em seguida, a chefe do Meio Ambiente afirmou não se tratar de uma “generalização”, mas sim de uma “minoria”: “Eu disse que nós temos o agronegócio e temos uma pequena parte que resiste à mudança, resiste às transformações, que é o ‘ogronegócio’, mas eu não generalizei”.
Refutação do discurso
Após a fala de Marina Silva, o deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES) disse que a ministra foi desrespeitosa com os produtores brasileiros. Além disso, o deputado acusou Marina de querer “lacrar” na comissão. “Eu quero rechaçar veementemente, mesmo dirigida a uma minoria, mais uma vez a senhora usou uma expressão infeliz, que vai estar na mídia, atingiu desrespeitosamente os produtores brasileiros. A senhora vai lacrar aqui”.
Em sua defesa, Marina Silva argumentou: “Desculpa, deputado. Mas eu sou uma mulher preta, pobre, que chegou aqui porque ralou muito, não porque lacrou”, sendo aplaudida em seguida. Contudo, Evair Vieira afirmou que também saiu de origem pobre.
“Eu sou neto de analfabeto, de imigrantes analfabetos que participaram da primeira reforma agrária no Brasil, meu pai saiu recebendo um câncer, continua agricultor, um homem semianalfabeto, que me deu a oportunidade de frequentar escola a distância, eu não estudei do lado da minha casa, com muita dificuldade, fiz faculdade trabalhando na roça, portanto também tenho as minhas convicções, a minha história de vida, do qual tenho muito orgulho, naturalmente”.
Atuação de Marina Silva
A atual ministra do Meio Ambiente, que ocupa o cargo pela segunda vez, é ambientalista e formada pelo departamento de história da Universidade Federal do Acre. Sua vida política iniciou com o ingresso na construção civil, filiando-se ao Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil.
No sindicato, Marina Silva foi conselheira e liderou inúmeras lutas por direitos trabalhistas e segurança. Além disso, foi parceira do líder seringueiro Chico Mendes na campanha contra o desmatamento.
Marina Silva foi ministra do Meio Ambiente (primeiro mandato de Lula como presidente), senadora, deputada estadual no Acre, seu estado natal, e vereadora em Rio Branco. Por fim, disputou por três vezes a Presidência da República, em 2010, 2014 e 2018.