Na presente quarta-feira, marcada pelo dia 23, cada real brasileiro sustenta o poder de equivaler a 72 pesos argentinos. Este fato, decorrente ainda da medida adotada pelo banco central argentino ao desvalorizar sua moeda em uma proporção de 20%, subsequente ao triunfo do político de orientação direitista, Javier Milei, nas eleições primárias do dia 13.
Em virtude deste cenário, não é incomum testemunhar cidadãos brasileiros que se mostram persuadidos de que disporão de uma pequena fortuna em mãos ao viajarem a esse país vizinho.
Real mantém vantagem sobre o Peso argentino
Segundo as observações de André Galhardo, economista e consultor da Remessa Online, é inegável que o real mantém um valor superior em relação ao peso argentino, mesmo diante da disparada inflacionária de 113,4% registrada nos últimos 12 meses até julho.
Tal realidade é uma consequência não apenas do recente declínio ocorrido em agosto, uma vez que a desvalorização do peso já vinha ocorrendo ao longo do ano, totalizando uma perda aproximada de 75% em relação ao real.
Desvalorização do Peso e suas implicações para turistas brasileiros
Galhardo enfatiza: ‘’Nos últimos meses, a desvalorização do peso foi drástica. O aumento dos preços chegou em um nível de hiperinflação por lá, mas, ainda assim, a perda de valor da moeda consegue ser mais rápida do que a mudança dos preços, o que faz com o real tenha vantagem frente à moeda local”
No entanto, essa vantagem não se traduz em prosperidade inesgotável para os cidadãos brasileiros que escolhem visitar o país vizinho com fins turísticos. A surpreendente desvalorização ocorrida neste mês, aliada à inflação desenfreada dos meses antecedentes, resultou em uma perda de referência nos preços internos para os argentinos. Como resultado, os ajustes monetários flutuam tanto quanto as variações nas taxas de câmbio.
Como enfatiza Paulo Feldmann, professor na FIA Business School: “A ilusão do câmbio pode levar o turista a achar que tudo é uma maravilha”, diz Paulo Feldmann, professor da FIA Business School. “Mas a moeda está muito desvalorizada porque os preços subiram muito. É assim que a inflação funciona.”
Peso, Real ou Dólar
Segundo especialista, atividades turísticas como passeios por vinícolas, excursões guiadas e hospedagens de prestígio terão um custo mais elevado, já que são fixados em dólares, visando satisfazer os visitantes. Por outro lado, atividades mais convencionais, como jantares em restaurantes e compras de vestuário, podem apresentar uma maior acessibilidade do que no Brasil, ao serem tarifadas em pesos.
Em um cenário ideal, o especialista indica que é recomendável possuir as três moedas (real, dólar e pesos) para negociar e avaliar as alternativas locais mais vantajosas. De maneira geral, o real e o dólar têm um desempenho mais favorável por possuírem um valor superior ao do peso argentino. Contudo, existem lugares e serviços em que é viável negociar com pesos.
Portanto, brasileiro que decidir ir para Argentina, antes de embarcar na viagem, a sugestão é converter a menor quantia possível em dólares ou pesos, destinada somente a cobrir as despesas iniciais ao chegar ao país. A quantia restante pode ser convertida diretamente na Argentina, a fim de obter taxas de câmbio mais favoráveis.