Diversos colombianos migraram para o Brasil ao atravessar a fronteira pelo Amazonas. Mesmo diante da suspeita de terem ligação com antigas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), esses homens vieram para o Brasil atraídos pelo garimpo ilegal de ouro nos rios da Amazônia.
Investigações apontam que esses homens atuam na extorsão de garimpeiros ilegais que atuam clandestinamente nos rios da região. A prática consiste na cobrança de uma espécie de pedágio para trabalharem em determinadas áreas. No mês de agosto deste ano, a Polícia Federal junto ao Exército brasileiro desencadearam uma operação de combate ao garimpo ilegal no município de Japurá, a 745 quilômetros de Manaus.
As forças policiais agiram após receberem uma denúncia sobre os garimpeiros ilegais e estrangeiros na cidade. Na ocasião, dois colombianos foram presos. É importante mencionar que as Farc foram um dos grupos armados que mais enfrentaram conflitos junto ao governo colombiano durante meio século.
No ano de 2016, comandantes da organização e o ex-presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, firmaram um acordo para cessar-fogo. O tratado previa o desarmamento da organização mediante a possibilidade de o grupo imergir na vida política colombiana. Um ano mais tarde, a maior parte dos rebeldes se desmobilizaram e começaram a formar um partido político à parte, chamado de Força Alternativa Revolucionária do Comum, também conhecido por Farc. Na época, mais de oito mil fuzis foram entregues pelos guerrilheiros.
No entanto, uma parte dos homens decidiu não aderir ao acordo e continua atuando individualmente na região, principalmente na Amazônia. São justamente esses dissidentes os procurados pela polícia brasileira devido à suspeita de migração ilegal no brasil. O serviço de inteligência foi alertado sobre a possibilidade de alguns deles escoltarem carregamentos de drogas vindos da Colômbia para o Brasil através dos rios do Amazonas.
Documentos obtidos pela BBC News apontam que os dissidentes estão extorquindo os garimpeiros ilegais do Brasil por atuarem na extração ilegal de ouro nos rios da região, especialmente o Purué e Joamim. Informantes da PF fotografaram homens armados com fuzis e uniformes parecidos com aqueles usados pelos guerrilheiros enquanto esperam as dragas de garimpo.
Em nota, o delegado disse que: “Indivíduos supostamente dissidentes de grupos paramilitares estrangeiros atuariam na faixa de fronteira da região de Japurá e teriam envolvimento com o tráfico de entorpecentes, realizando escoltas de carregamentos de drogas e, mais recentemente, atuando na extorsão de garimpeiros ilegais que atuam na região de fronteira. Não temos dados concretos, mas existe a possibilidade de tais recursos estarem sendo utilizados para o financiamento desses grupos baseados no exterior”.
Levantamentos indicam que a migração de dissidentes colombianos para o Brasil ocorre mediante a apresentação de documentos falsos. Além do mais, atua na em áreas de garimpo na fronteira mediante a abordagem de ribeirinhos e garimpeiros, além de quem estiver infiltrado na zona urbana de Japurá em busca de mantimentos.