No próximo domingo, 10, Martha Sepúlveda, de 51 anos de idade se tornará a primeira mulher a receber uma eutanásia sem estar em um quadro terminal. A mulher sofre de esclerose lateral amiotrófica, popularmente conhecida como ELA, uma doença degenerativa que atinge o sistema nervoso provocando a paralisia progressiva e irreversível.
Até hoje não foi encontrada uma cura para a doença, somente tratamento à base de medicamentos combinados à fisioterapia com o propósito de atrasar a perda motora gradual. Esta foi a maneira encontrada para preservar a independência do paciente na execução de tarefas rotineiras por mais tempo.
Martha Sepúlveda conseguiu a autorização para a eutanásia que consiste na morte assistida. O procedimento foi regulamentado após uma alteração aprovada no mês de julho deste ano pela Corte Constitucional, a maior instância do judiciário na Colômbia. A decisão passou a permitir a eutanásia em pessoas que não estão em estados terminais.
A deliberação reconhece que basta considerar o sofrimento físico ou mental intenso, que se tenha uma lesão corporal grave ou doença incurável para conquistar o direito ao procedimento. Antes dessa edição na lei, a eutanásia já era permitida no país, mas somente para pacientes que se encontravam em quadros terminais e irreversíveis.
Em entrevista à rede de televisão colombiana Caracol, a mulher alegou estar mais tranquila após adquirir a autorização. Ela conta que deu entrada no pedido apenas dois dias após a mudança da lei, e logo recebeu o parecer possibilitando o agendamento do procedimento.
Ela ainda lembrou dos diversos questionamentos sobre o porquê dela não lutar mais. Em resposta ela disse “estou literalmente sem forças, luto para descansar”, alegou. A católica também foi questionada sobre a relação da eutanásia com a Igreja Católica e declarou que o desejo de Deus não é ver ela nem nenhuma outra pessoa sofrer.
É justamente essa relação com Deus que a fez escolher um domingo de manhã para passar pelo procedimento, pois lembrou que é o dia em que costuma ir à missa. Ela deseja que todas as etapas do procedimento, desde a eutanásia, à cremação, entrega das cinzas e eucaristia aconteçam no mesmo dia.
Até lá, a mulher aproveita os últimos dias regados a cerveja e comida junto à família. Para ela, a decisão não é um fardo, condição que está relacionada exclusivamente à doença com a qual ainda terá de conviver por mais dois dias. Ela disse estar bem mais tranquila desde que teve o pedido autorizado.
O filho de Martha, Federico, de 22 anos, confessa que gostaria de ter a mãe ao lado por muito mais tempo. Porém, reconhece que a aceitação da eutanásia da mãe é o maior ato de amor que pode demonstrar para ela nesse momento.