O varejo brasileiro deve ter um crescimento menor que o esperado neste ano. Pelo menos é o que aponta a nova estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A saber, o setor deve crescer 3,1% em 2021, em vez de 3,6% como projetado anteriormente.
Em suma, a entidade revisou a estimativa de crescimento do comércio varejista do país após a divulgação do resultado do setor em outubro. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas do varejo recuaram 0,1% em outubro, terceira queda consecutiva. E isso fez a CNC reduzir sua projeção para o ano.
De acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros, o crédito mais caro vem limitando o consumo no país. Além disso, a recuperação do mercado de trabalho também está acontecendo de maneira pouco expressiva.
Os comerciantes ainda sofrem com a variação dos preços praticados no atacado e no varejo. Tudo isso fez a CNC reduzir as projeções para as vendas do varejo brasileiro em 2021. “A incapacidade de repasse integral das altas de preços ao consumidor final diante do ritmo intenso dos reajustes no atacado foi muito prejudicial”, disse Tadros.
Vale destacar que a inflação no país segue nas alturas nos últimos mesese. O Banco Central elevou a taxa de juros básicos do país sete vezes apenas neste ano para tentar controlar a inflação. O problema é que os juros mais altos reduzem o poder de compra do consumidor e desaquecem a economia. Por isso, as expectativas para este ano estão menos otimistas.
Aumento da circulação de pessoas não salva setor
Segundo Fabio Bentes, economista da CNC responsável pelo levantamento, o avanço da vacinação contra a Covid-19 permitiu o aumento da circulação de pessoas. No entanto, isso não conseguiu melhorar a situação do setor. Aliás, as quedas nas vendas de móveis e eletrodomésticos (-0,5%) e de hiper e supermercados (-0,3%) puxaram o varejo para baixo em outubro.
“Claramente, o bônus representado pelo aumento da circulação de consumidores, que permitiu a reação do setor após as duas ondas da pandemia, se mostra próximo ao esgotamento, na medida em que, em novembro, pela primeira vez desde o início da crise sanitária, a frequência atingiu nível semelhante ao de fevereiro de 2020 (+1,9%)”, ressaltou Bentes.
Por fim, a CNC destacou que, dos dez segmentos pesquisados pelo IBGE, apenas três tiveram alta em outubro: equipamentos de informática, comunicação e materiais de escritório (+5,6%); artigos de usos pessoal e doméstico (+1,4%); e tecidos, vestuário e calçados (+0,6%).
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