O varejo brasileiro deve ter um crescimento maior que o esperado neste ano. Pelo menos é o que aponta a nova estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A saber, o setor deve crescer 4,9% em 2021, em vez de 4,5%, como projetado anteriormente.
Em suma, a entidade revisou a estimativa de crescimento do comércio varejista do país após a divulgação do resultado do setor em julho. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas do varejo cresceram 1,2% em julho e isso fez a CNC elevar sua projeção para o ano.
De acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros, o setor cresceu graças ao avanço da vacinação contra a Covid-19 em todo o país. No entanto, a inflação deverá limitar o volume do varejo nos próximos meses. Aliás, os analistas do mercado financeiro divulgaram hoje (13) suas novas estimativas para a taxa neste ano. E a inflação só faz crescer a cada semana.
“É um setor que não se abala, mostra força e tem conseguido se desenvolver mesmo em períodos de crise. Mas é importante mantermos atenção e equilíbrio diante dos altos preços, como temos sinalizado, o que impacta o comércio diretamente. A composição da inflação afeta ainda o orçamento das famílias pela concentração das altas nas tarifas”, afirmou Tadros.
Em resumo, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, vem crescendo fortemente nos últimos meses. A saber, a taxa avançou 0,96% em julho, maior variação desde 2002, e subiu 0,87% em agosto, maior avanço em 21 anos. Tudo isso mostra o quanto os consumidores estão pagando a mais por produtos e serviços no Brasil.
Preços elevados dificultam crescimento do varejo
Segundo Fabio Bentes, economista da CNC responsável pelo levantamento, a elevação da taxa básica de juros do Brasil, a Selic, já começa a ser sentida pelos consumidores. A propósito, a alta da taxa Selic puxa consigo os juros praticados no país. Assim, reduz o poder de compra do consumidor para limitar o avanço da “inflação por demanda”.
“A taxa média das operações de crédito com recursos livres para as pessoas físicas atingiu 39% ao ano em julho, tendo fechado 2020 a 37% ao ano. Por outro lado, o pagamento do auxílio emergencial e, principalmente, a maior circulação de consumidores deverão viabilizar a continuação da recuperação do setor”, ressaltou Bentes.
Por fim, a CNC relembrou que o nível em abril de 2020 foi o pior para o varejo brasileiro. Em síntese, o período registrou um tombo de 58% na concentração de consumidores em relação ao período anterior à pandemia da Covid-19. Já em julho deste ano, a circulação saltou 10% na comparação com junho, mas continua 12,4% menor que o nível pré-pandemia.
Leia Mais: Procon-SP notifica Shopee sobre origem dos produtos comercializados