As pesquisas de intenções de votos foram consideradas por muitos como as perdedoras nas eleições deste ano. Isso porque elas não conseguiram apontar com precisão os índices referentes ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que conseguiu um percentual maior do que previam os institutos.
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Nesta terça-feira (04), Luciana Chong, diretora das pesquisas Datafolha, afirmou, durante entrevista ao “UOL News”, que esse clima de hostilidade durante a eleição pode ter atrapalhado as pesquisas. “A gente está vendo uma dificuldade de captar a intenção de voto do bolsonarismo. A gente vai controlando a amostra para minimizar isso. A gente pergunta em quem votou em 2018. Mas há dificuldade”, relatou ela.
De acordo com Lucina Chong, em setembro, ataques em relação às pesquisas, aos institutos, ao Datafolha especialmente, acabou criando “um clima de hostilidade e agressividade em relação aos pesquisadores”. Nesse sentido, ela explica que, “em um ambiente normal, com outras condições”, o instituto teria “captado algo mais de Bolsonaro na véspera” das eleições.
Ainda na entrevista, ela afirmou que o Datafolha está estudando formas para poder contornar a dificuldade que é captar o eleitorado, sobretudo, dos apoiadores de Bolsonaro, que não costuma revelar sua opção de voto durante as entrevistas. “Nunca tivemos essa dificuldade e vamos ter que contornar”, afirmou ela, ressaltando saber que isso não será uma tarefa fácil. “Não sabemos como, estamos estudando, porque não é uma tarefa simples”, disse.
Lucina Chong também analisou que, em sua visão, o crescimento de Bolsonaro na reta final aconteceu porque eleitores que estavam dispostos a votar em Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) mudaram de ideia, adotando assim o chamado voto útil. “Na última pesquisa, 13% dos ouvidos admitiram que não estavam 100% decididos, principalmente entre os prováveis eleitores de Ciro e Tebet”, afirmou Lucina Chong, revelando ainda que as novas pesquisas do Datafolha serão divulgadas na sexta-feira (07).
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