A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) divulgou a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) referente a passagem entre o mês de abril para maio. De acordo com a pesquisa, a classe média brasileira ficou mais endividada e inadimplente durante o período. Entre os mais pobres e o mais ricos, houve redução na proporção de endividados.
Segundo a pesquisa, no grupo com renda familiar de até três salários mínimos, a proporção de endividados foi reduzida de 79% para 78,7% em maio. Já no grupo com renda de mais de 10 salários mínimos, a proporção foi reduzida de 75,3% para 75%. Contudo, na classe média, com rendas entre três e cinco salários mínimos, a proporção de endividados subiu de 78,7% para 79,6% e, entre o grupo de cinco a dez salários, a proporção subiu de 77,8% para 78%.
Algo semelhante ocorreu com a questão da inadimplência, entre aqueles com renda familiar de até três salários mínimos, a proporção de inadimplentes se manteve estável em 36,3%, enquanto no grupo dos mais ricos, acima de 10 salários mínimos, recuou de 13,9% para 13,7%. Já na classe média, entre os que recebem entre três e cinco salários, a proporção de inadimplentes foi de 27,3% em abril para 27,7% em maio enquanto no grupo entre cinco e dez salários mínimos, subiu de 22,6% para 23,4%.
Juros altos vem pressionando as famílias de classe média
Segundo a responsável pela pesquisa da CNC, a economista Izis Ferreira, a alta dos juros vem pressionando é um complicador para as famílias brasileiras. “Os juros elevados dificultam o pagamento da dívida atrasado, pois pioram as despesas financeiras”, apontou a economista. Ainda, de acordo com o CNC, a alta dos juros vem pressionando mais o orçamento das famílias de classe média, enquanto a expansão de políticas voltadas para os benefícios sociais para as famílias de menor renda.
Segundo a economista Izis Ferreira, o maior alcance e aumento dos valores do Bolsa Família, bem como a retomada das contratações formais de trabalhadores com menor escolaridade vem auxiliando os consumidores que recebem menos de três salários mínimos a pagar dívidas. “São eles, também, o principal foco de renegociações e, com isso, o risco de inadimplência vem aumentando mais na classe média“, apontou Izis.
Um outro dado apontado pela pesquisa da CNC é que aproximadamente 45,7% dos inadimplentes possuem contas atrasadas há mais de três meses, o maior índice em três anos. Contudo, a CNC possui uma expectativa que a proporção seja reduzida gradualmente no segundo semestre e deve encerrar o ano em 44,5%, mas ainda com a maior proporção anual desde 2019.
Na comparação geral, o nível de endividados no Brasil permaneceu inalterada pelo quarto mês consecutivo, em 78,3%. “O endividamento dos consumidores permanece estável desde dezembro do ano passado, especialmente por conta do encarecimento e da seletividade das concessões de crédito pelas instituições financeiras. A taxa média de juros das concessões de crédito às pessoas físicas alcançou 59,7% ao ano em abril, o maior porcentual desde agosto de 2017, segundo dados do Banco Central“, disse a CNC, em nota publicada.