O ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) voltou a participar de um evento público após sete meses. Na ocasião, o ex-gestor estadual disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o “responsável pelo reacionarismo no Brasil” e que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está “entregue à banqueirada”.
A declaração, feita neste sábado durante um discurso para estudantes da faculdade de direito da Universidade de Lisboa, em Portugal, foi a primeira crítica pública contra o atual governo. “O Lula nunca quis mudar, não tem compromisso com a mudança do Brasil, é o responsável pelo reacionarismo dominante hoje no Brasil. Ganha com isso”, afirmou o ex-governo.
Na ocasião, Ciro Gomes comentou uma reportagem feita pelo jornal “O Globo” – a publicação disse que o senador Davi Alcolumbre (União Brasil) indicou emendas sob suspeita de superfaturamento. “A Codevasf está fazendo investimento superfaturado no Amapá neste governo. A direção e as práticas que estão lá são as mesmas, é por lá que se esvai o orçamento secreto. Como nós vamos fazer? Deu certo isso? É uma pergunta simples”, começou.
“Caramba, o Lula foi parar na cadeia. Será possível que não aprendemos nada? Ou nós acreditamos que Lula foi inocentado? Ele não foi. O Lula teve direito à presunção de inocência restaurada. É diferente de ser inocentado em um julgamento”, disse Ciro Gomes, que ainda avaliou que o caso Lula não teve “o devido processo legal”.
Apesar das críticas, o ex-governador afirmou que deseja que o governo acerte. “Estou começando a ter prazer de falar e não posso voltar a ter esse prazer. Estou em processo de detox. Por favor colaborem nas perguntas. Os petistas moderem aí, não peçam para eu puxar. Eu estou dentro do barco, quero que acerte”, disse o ex-governador, que tratou de diferenciar Lula do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Claro que Lula e Bolsonaro são pessoas muito distintas. Com o Lula eu me sento para tomar uma cerveja e dizer essas verdades todas para ele. Com Bolsonaro, eu não saio”, disse Ciro Gomes, que também relatou ter ajudado Lula “a vida inteira” e que crê “estar ajudando ainda, embora de outro jeito”.
Por fim, Ciro Gomes, que disputou quatro corridas presidenciais, confessou que não pretende mais disputar pleitos. Nesse sentido, ele reconheceu que o resultado obtido na última disputa não foi representativo e que isso não o credencia para uma nova tentativa. “Quero me desintoxicar. Não é razoável, a partir de certo limite tem que ter uma humildade. Eu não represento uma corrente de opinião mais. Sou um democrata visceral mesmo. Alguma coisa está errada comigo, não é com o povo”, disse ele, que em 2022 teve 3% dos votos válidos. Cenário diferente de 2018, quando teve 12% e ficou em terceiro lugar.
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