Ciro Gomes (PDT), pré-candidato à Presidência da República, criticou a declaração do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o aborto, dizendo que a fala foi “estapafúrdia”.
A declaração do ex-governador do Ceará foi feita durante sua participação no segundo dia do “Brazil Conference” – um evento da Universidade de Harvard, dos Estados Unidos, que debate o cenário político e social do Brasil e as expectativas para as eleições de outubro. Isso, no domingo (10).
Na ocasião, Ciro Gomes disse que a discussão sobre as intituladas “pautas de costume” favorece a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Por conta disso, ele acredita que a insistência nesses temas está aliada a uma certa “burrice” do campo da esquerda.
“Nosso povo é ‘criptorreacionário’, crescentemente neopentecostal e profunda e enraizadamente cristão em matéria de costumes. Então, pensa se um político tem o direito de se meter na minha família para me dizer como eu devo tratar um filho gay meu?”, disse Ciro Gomes, ressaltando ser favor de políticas afirmativas.
Na sequência, ele comentou em específico sobre as declarações de Lula, dizendo que a questão não é simples e que nem o ex-presidente conseguiu resolver enquanto comandava o país. “Por que o Lula tinha que dar uma declaração estapafúrdia como a que ele deu agora, que todo mundo tem direito a fazer aborto?”, questionou.
“Que coisa mais simplória para um assunto tão grave. […] Qual o poder que Lula tem, sendo presidente por 14 anos, ou mandando na Presidência do Brasil, que não resolveu essa questão? Porque ela é insolúvel”, completou o ex-governador.
Declaração de Lula
Assim como publicou o Brasil123, Lula defendeu na semana passada a ampliação do direito ao aborto e disse que, se for eleito, o assunto será tratado como uma “questão de saúde pública”. Além disso, o ex-presidente também disse que o assunto está no meio da pauta de “família e valores” pregada pelo governo como “muito atrasada”.
A declaração causou uma repercussão negativa, sobretudo sobre o público mais conservador, que é totalmente contra a ideia. Em contrapartida, o tema deixou a cúpula que cuida da reeleição do presidente Jair Bolsonaro “feliz”, pois eles sabem que temas como esses podem minar a tentativa de Lula, que hoje lidera as pesquisas eleitorais, de voltar ao Palácio do Planalto.
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