O segundo turno das eleições presidenciais serviu para unir novamente o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) e o atual presidente da República Jair Bolsonaro (PL), que romperam a relação em abril de 2020 quando o até então ministro da Justiça deixou o cargo alegando uma tentativa do chefe do Executivo de interferir na Polícia Federal (PF).
Na visão de Miguel Lago, cientista político e professor da Universidade de Columbia, a volta da aliança dos dois, que trocaram farpas desde o rompimento, é “conveniente” para ambos. De acordo com o especialista, em entrevista ao canal “CNN Brasil”, a união dos políticos é benéfica para Bolsonaro, pois faz com que o chefe do Executivo consiga atrair “o resto de uma Lava Jato que não era totalmente bolsonarista e agora adere, reforçando o caldeirão antipetista”.
Por outro lado, o cientista político pontua que Sergio Moro estaria “apostando na derrota de Bolsonaro”. O objetivo: ser seu sucessor, sobretudo nas eleições presidenciais de 2026 – o ex-juiz jamais escondeu sua intenção de ser candidato à presidência. Ele inclusive tentou nas eleições deste ano, mas foi barrado pelo União Brasil, que optou por Soraya Thronicke.
“Também é muito conveniente para o Moro porque acho que ele está apostando na derrota do Bolsonaro e que ele possa, em algum lugar, ser o futuro dessa extrema-direita, mais uma vez, menosprezando o Bolsonaro”, disse Miguel Lago neste domingo (23).
Em outro momento da entrevista, o especialista pontuou que Sergio Moro, assim como o governador de Minas Gerais Romeu Zema (Novo) que, de acordo com ele segue o mesmo caminho, terá dificuldade em se colocar como sucessor do atual presidente. “O Bolsonaro tem muita força, esses caras não vão conseguir cooptar o movimento do Bolsonaro”, opinou o cientista político.
No sábado (22), Bolsonaro foi questionado sobre sua aliança com Sergio Moro. Na ocasião, ele afirmou que “mais importante é o destino do Brasil”. “Sergio Moro conhece muito bem o que aconteceu ao longo desses 14 anos de PT. Foi o homem que conduziu o inquérito que mostrou o quão entranhada estava a corrupção no Brasil”, disse o presidente.
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