Com a intensificação dos conflitos entre Rússia e Ucrânia, muitos se questionam quem poderia parar com esse massacre. Seria a China, o país poderoso o suficiente e próximo o suficiente da Rússia para mudar os planos de Vladimir Putin?
China sente os impactos da guerra
Não há dúvida de que a guerra da Rússia é ruim para Pequim. A China importa mais petróleo do que qualquer outro país da Terra, e o conflito na Ucrânia tem elevado os preços para seus níveis mais altos desde 2008.
Importante destacar que o país precisa de energia, metais e minerais para alimentar sua economia e produtos agrícolas, no intuito de alimentar seu povo. Desse modo, tanto a Rússia quanto a Ucrânia são grandes fornecedores de trigo e outros produtos alimentícios, e a ONU alertou que, dependendo de quanto tempo durar, a guerra pode elevar os preços dos alimentos entre 8% e 20% este ano.
Como resultado do conflito armado, todas essas commodities se tornaram mais caras para a China e todos os outros países, desde que os russos cruzaram as fronteiras da Ucrânia.
Posicionamento chinês
O governo da China não condenou nem tolerou o ataque e até se absteve de chamá-lo de “invasão” em primeiro lugar. A postura foi sempre dizer que não havia interferência nos assuntos internos dos outros, princípio fundamental de sua política externa. No entanto, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, sinalizou que estava pronto para desempenhar um papel na mediação de um cessar-fogo. A mídia estatal informou que Wang “reafirmou o apoio inabalável da China à soberania da Ucrânia” e garantiu que a China está pronta para fazer todos os esforços para acabar com a guerra… por meio da diplomacia”.
Há uma mudança na política da China?
É mais provável que haja um sinal de que a China está tentando encontrar um equilíbrio entre o princípio de respeitar a soberania da Ucrânia e reconhecer o que descreve como as “preocupações legítimas de segurança” da Rússia. Caso tenha o interesse de ler o documento de 5.000 palavras assinado pelos presidentes Xi e Putin quando eles declararam seu aprofundamento e aliança ilimitada, você verá que a objeção à expansão da Otan os une, embora o acordo abrange várias áreas de terreno comum e cooperação planejada.
Apesar disso, a China entende que seu poder de forçar uma retirada russa é limitado. Quaisquer que sejam as preferências de Pequim, Putin continuará esta guerra até que a Rússia consiga algo que ele possa reivindicar com credibilidade como uma vitória duradoura. A verdade é que ou a China dá um passo atrás ou intensifica e tenta desempenhar o papel de mediador com Moscou. Um papel que disse à Ucrânia que estava preparado para assumir, mas que ainda não deu sinais de começar.
Em suma, a China é deixada para enfrentar essa tempestade, e, como todo mundo, torcer para que ela acabe logo.