O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, criticou nesta quarta-feira Washington e Tóquio por seus movimentos negativos em relação a Pequim antes de uma reunião que será realizada na próxima semana entre os líderes dos Estados Unidos, Japão, Austrália e Índia em Tóquio.
Entenda o caso
“O que desperta atenção e vigilância é o fato de que, mesmo antes de o líder americano partir para a reunião, a chamada retórica anti-China conjunta Japão-EUA já está levantando poeira”, disse Wang ao ministro das Relações Exteriores do Japão, Yoshimasa Hayashi. O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, receberá o presidente dos EUA, Joe Biden, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, bem como, o vencedor da eleição da Austrália em uma reunião da aliança estratégica Indo-Pacífico conhecida como Quad.
Durante sua viagem de 19 a 24 de maio, Biden visitará a Coreia do Sul para conhecer o novo presidente Yoon Se-yeol antes de seguir para Tóquio, onde também realizará reuniões bilaterais com outros líderes para demonstrar o compromisso dos EUA com a região.
O que é o Quad?
O Diálogo de Segurança Quadrilateral conhecido coloquialmente como QUAD é um fórum estratégico informal que compreende as 4 nações: Estados Unidos da América (EUA), Índia, Japão e Austrália. O QUAD desempenha um papel significativo no combate à influência chinesa, no combate à diplomacia pós-covid, no fornecimento de segurança no oceano Índico e na conquista de um mundo multipolar baseado em regras.
Desse modo, os líderes do Quad discutem as preocupações globais atuais, como tecnologias críticas e emergentes, conectividade e infraestrutura, segurança cibernética, segurança marítima, ajuda humanitária, socorro em desastres, mudanças climáticas, preparação para pandemias e educação. Como resultado o grupo busca fornecer um contrapeso estratégico ao crescente poder econômico e militar da China.
Pretensões da China
A China vê o Quad como uma tentativa de conter seu crescimento econômico e influência, enquanto Biden busca estabelecer laços com outras democracias em resposta à ascensão de um poder autoritário global. Hayashi disse a Wang que a China deve desempenhar um papel responsável na manutenção da paz e segurança internacionais, observando que a invasão da Ucrânia pela Rússia violou claramente o direito internacional.
Importante destacar que a China não criticou publicamente a invasão.
Temor do Japão
O Japão, preocupado que as ações da Rússia possam encorajar a China e aumentar as tensões na região da Ásia-Pacífico, rapidamente se juntou aos Estados Unidos e à Europa na imposição de sanções a Moscou. Hayashi expressou “grave preocupação” com a situação nos mares do Leste e do Sul da China, referindo-se às operações militares cada vez mais assertivas da China, bem como em Hong Kong e na região chinesa de Xinjiang, enfatizando a importância da paz e tranquilidade.
Tóquio está particularmente preocupada com o aumento da atividade da guarda costeira chinesa e das embarcações navais em torno das ilhas controladas pelos japoneses no Mar da China Oriental. Além disso, Pequim busca reivindicar e está pressionando por um Indo-Pacífico livre e aberto com os Estados Unidos, Austrália e outras democracias, em um movimento de contra-ataque à ascensão da China na região.
Ministérios das Relações Exteriores China e Japão
A declaração do Ministério das Relações Exteriores do Japão não mencionou o Quad ou as críticas da China a ele, nem mencionou os Estados Unidos ou outros países. Wang afirmou que a cooperação Japão-EUA não deve provocar confronto entre campos ou prejudicar a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento da China.
Referindo-se à invasão da China pelo Japão no século passado, o ministro das Relações Exteriores da China disse: “Nossa esperança é que o Japão aprenda as lições da história, concentre-se na paz e estabilidade regionais, prossiga com cautela, não tire as castanhas dos outros do fogo e não seja desviado por vantagens si mesmo às custas do próximo.”