O valor da cesta básica, usado para entender como está o comportamento dos preços dos principais produtos dos brasileiros, subiu até 18% em algumas capitais brasileiras. Das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese, todas apresentaram aumento de preços. No Brasil, como um todo, o fator de alimentação ainda pesa muito no bolso dos brasileiros.
Contudo, o indicador da cesta básica é um dos principais indicadores para medir como os alimentos básicos estão se comportando. Para 2022, o aumento dos produtos foi maior que o reajuste do salário mínimo. Isso quer dizer que o setor de alimentação seguirá pressionando o orçamento doméstico.
Cesta básica em alta no país todo
As 17 capitais estudadas pelo Dieese apresentaram aumento no preço da cesta básica, informa o levantamento da instituição. Os dados preocupam pela dimensão do aumento. Em alguns locais, a alta foi de quase 18%. O menor reajuste foi de 6,15%, que ainda assim fica acima da inflação do ano. Com isso, é possível inferir que o setor de alimentação pressionou a inflação do país, que ficou mais baixa por conta da queda da gasolina e demais combustíveis.
Em Goiânia foi registrada a maior alta da cesta básica. Por lá, o aumento foi de 17,98%. Em seguida, Brasília, Campo Grande e Belo Horizonte apresentaram altas relevantes, com aumento de 17,25%, 16,03% e 15,06%, respectivamente. Por outro lado, as menores altas foram registradas em Recife (6,15%), Aracaju (8,99%) e João Pessoa (9,99%).
Em São Paulo foi registrado o maior valor da cesta básica do Brasil. Por lá, o custo ao cidadão ficou em R$ 791,29, o que corresponde a mais de 70% do salário mínimo, já descontadas as contribuições. Segundo o Dieese, a alta na capital mais populosa do país foi de 14,6%. Na sequência, Florianópolis e Porto Alegre aparecem como as capitais com a cesta básica mais cara. Na capital catarinense, o valor é de R$ 769,19, enquanto na capital gaúcha o valor é de R$ 765,63.
Aumento afetou o estilo de vida da população
Em seu relatório, o Dieese afirmou que o aumento da cesta básica mudou a forma de consumo da população. A entidade afirma que os consumidores trocaram alimentos habitualmente consumidos por outro mais baratos. Ainda, culpou medidas do antigo governo como um dos principais fatores de contribuição para o aumento do preço da alimentação.
Segundo o Dieese, a “a ausência de políticas -de estoques reguladores, de subsídios aos preços dos produtos ou mesmo a falta de investimento em agricultura familiar- fez com que a trajetória dos preços continuasse em alta“. Isso porque, durante o governo de Jair Bolsonaro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) não teve papel relevante. Na prática, a entidade é responsável por estocar produtos alimentícios quando os preços estão baratos e fazer colocá-los de volta no mercado quando os preços sobem. Segundo especialistas, a falta de atuação da entidade nos últimos 4 anos contribuiu muito para o aumento de preços da cesta básica.
Contudo, para o próximo governo, algumas medidas estão anunciadas para tentar aumentar o poder de compra. Dentre elas, o aumento do salário mínimo acima da inflação e a volta da atuação da Conab como agente formador de preços de produtos que estão na cesta básica.