O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua negociando com o Centrão para que o grupo entre de vez na base do governo, facilitando, desta forma, a aprovação das negociações para aprovar o pacote completo de medidas econômicas consideradas essenciais pela administração petista – reforma tributária, PL do Carf e marco fiscal.
De acordo com informações do jornalista Valdo Cruz, do canal “Globo News”, para entrar de vez na base do presidente Lula, o centrão quer:
- O comando de dois ministérios;
- Quatro estatais;
- E um incremento de R$ 10 bilhões em emendas no segundo semestre, além do que já está previsto no orçamento.
Segundo o jornalista, auxiliares de Lula afirmam que o governo não quer negociar agora, “com a faca no pescoço”. No entanto, sinalizou que as tratativas serão retomadas em agosto, após o recesso.
Conforme Valdo Cruz, essa “fatura” do centrão não inclui o Ministério do Turismo, pasta essa que deve ser comandada pelo deputado Celso Sabino (União Brasil), aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP).
Hoje, as pastas e órgãos desejados pelo centrão são todos controlados por quadros ligados ao PT ou partidos próximos, sendo que essas substituições podem implicar na redução da participação feminina no primeiro escalão do governo, visto que existem órgãos cobiçados que são chefiados por mulheres.
Valdo Cruz explica que o governo está disposto a ceder em alguns pontos, abrindo espaço para Republicanos e PP na Esplanada dos Ministérios. Todavia, considera a fatura pedida pelo centrão muito alta.
Ainda de acordo com o jornalista, o centrão, que não especificou quais ministérios e estatais pretende “abocanha” do governo, também pediu um incremento nada modesto de R$ 10 bilhões no orçamento das emendas para o segundo semestre.
“Para liberar o dinheiro, o Executivo teria de abrir um crédito extraordinário no orçamento, conhecido, no jargão político, como ‘jumbão’”, explicou Valo Cruz, lembrando que o orçamento deste ano tem cerca de R$ 36 bilhões em emendas individuais, de bancada e de comissão, o maior valor já destinado para emendas na história.
Hoje, o governo também conta com R$ 9,8 bilhões na rubrica RP-2, dinheiro que o Executivo herdou do orçamento secreto após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que proibiu a distribuição desses valores sem que houvesse transparência.
Atualmente, Arthur Lira e o centrão tentam reaver o controle desse recurso e os R$ 10 bilhões adicionais pedidos ao governo Lula para fazer parte da base aliado seriam, inclusive, uma tentativa de cobrir o dinheiro perdido com a decisão do Supremo.
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