Em 2022, a cebola foi a verdadeira “vilã” da inflação no país. O preço do quilo do legume disparou 130,14% no Brasil, em comparação a 2021, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A saber, o indicador é considerado a inflação oficial do país.
Em dezembro, o IPCA subiu 0,62%, terceira alta consecutiva. Com isso, o indicador acumulou uma forte alta em 2022, estourando a meta da inflação para o ano, de 5,00%, pelo segundo ano seguido.
De acordo com o IBGE, a cebola registrou a maior alta entre todos os 377 itens pesquisados pelo instituto. Isso mostra que a disparada nos preços do item aconteceu de maneira muito intensa no país, afetando as famílias brasileiras.
Inflação deixa café da manhã e prato feito mais salgados em 2022
Veja o que está fazendo o preço da cebola disparar
De acordo com especialistas, os agricultores reduziram a área plantada do legume neste ano. Em síntese, isso aconteceu porque eles ficaram sem recursos para investir no cultivo. A saber, cerca de 70% da colheita de cebola no país é feita por pequenos agricultores familiares.
“No caso da cebola, a alta está relacionada à redução da área plantada, ao aumento do custo de produção e a questões climáticas”, explicou o analista do IPCA, André Almeida.
Em 2021, a produção do legume aconteceu de maneira excessiva, resultando na diminuição do preço pago aos agricultores. Agora, em 2022 os prejuízos estão sendo revertidos com uma produção menor, segundo Mariana Marangon, do Centro de Estudo de Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.
Além disso, houve imprevistos climáticos na Região Nordeste que ajudaram a pressionar os preços da cebola. Outro fator que contribuiu para isso foi o encarecimento de matérias-primas, como defensivos agrícolas e fertilizantes.
Por fim, a expectativa é que os preços da cebola continuem em patamar elevado por mais algum tempo. Isso acende o alerta para as variações registradas em 2023, que poderão ser ainda mais expressivas que a dos últimos meses.
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